Resumo |
Ao tratarmos da educação superior, a educação inclusiva se efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a permanência e a participação dos alunos. Estas ações envolvem o planejamento e a organização de recursos e serviços para a promoção da acessibilidade, que devem ser disponibilizados nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvam o ensino, a pesquisa e a extensão. Nesse sentido, a Lei nº 13.409/2016 (Lei de cotas para deficientes) entrou em vigor no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) no ano de 2018 na Universidade Federal de Viçosa. Assim, as instituições federais de ensino tiveram que adequar estruturas de acessibilidade para o recebimento dos estudantes deficientes, tanto no espaço físico como na capacitação do corpo docente e contratação de profissionais especializados. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo realizar um mapeamento das condições de acessibilidade para a inclusão dos alunos com deficiência que ingressaram na UFV – campus Viçosa, no ano letivo de 2018, cujo total foi de 37 alunos. A metodologia de análise adotada foi de abordagem qualitativa. Esse tipo de pesquisa tem como foco entender e interpretar dados e discursos, tendo também um caráter exploratório, pois estimula os pesquisadores a pensarem livremente sobre algum tema, objeto ou conceito. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas com enfoque na história oral relatada pelos participantes que aceitaram participar da pesquisa, sendo estes 14 alunos dos diversos cursos de graduação da Universidade, contemplando a deficiência física, a surdez, a cegueira e a múltipla. As análises já realizadas demonstram que alguns alunos com deficiência física apresentam dificuldades em relação a estrutura física da UFV, tanto das salas de aula como de outros espaços do campus, como laboratórios, por exemplo. O aluno surdo relatou a dificuldade na relação do intérprete com o professor na sala de aula; os alunos com deficiência visual se queixaram da falta de materiais adequados e de apoio dos professores. Outro dado encontrado foi o desconhecimento da Unidade Interdisciplinar de Políticas Inclusivas da UFV pelos alunos, mesmo que o atendimento das suas necessidades especiais tenha sido informado no ato da matrícula e os pedidos de suporte tenham sido realizados pela Unidade. Além disso, todos os estudantes relataram em suas entrevistas sobre as metodologias, avaliações e materiais utilizados pelos docentes da Universidade, apontando pontos positivos e negativos. Os dados encontrados sinalizam para uma fragilidade educacional das pessoas com deficiência ao ingressarem na educação superior, uma vez que algumas não tiveram os suportes necessários na educação básica. Entendemos que há a necessidade de aprimorar a política de acessibilidade na universidade, de forma contínua, promovendo mais ações na questão comunicacional de todos os servidores e professores, com aportes metodológicos adaptados nos cursos. |