Resumo |
Dentre os diversos fatores bióticos e abióticos capazes de reduzir a produtividade das plantas, a disponibilidade de água no solo é um dos fatores mais limitantes para a produção vegetal. Com isso, a busca por cultivares mais tolerantes à seca tem é objetivo de diversos programas de melhoramento. Aspecto fundamental nessa busca, é o entendimento dos mecanismos pelos quais a seca afeta o desenvolvimento e a produção das plantas. Assim, o presente estudo objetivou entender o papel da vulnerabilidade à cavitação na tolerância à seca em cultivares de soja e sua interação com outras respostas morfológicas e fisiológicas. Plantas de variedade tolerante (Embrapa 48) e sensível (BR16) foram conduzidas no campo. Avaliou-se as características morfológicas: condutância cuticular (gmin); área foliar (AF), área foliar especifica (AFE), espessura foliar (EF) e conteúdo de água (CA). Foram construídas curvas de vulnerabilidade hidráulica (CV); foi mensurado o teor relativo de água (TRA), respiração (RE), fluorescência das clorofilas (Fv/Fm), produção quântica do fotossistema II (YII), dentre outros parâmetros. As variáveis morfológicas não apresentam diferença significativa no Test-t. Ambas cultivares apresentaram cerca de 80% de fechamento estomático antes de se observar embolismos, sugerindo que o controle estomático ocorre de forma a prevenir a falha hidráulica, protegendo a integridade vascular da folha. No entanto, o nível de embolismo no completo fechamento estomático variou entre as cultivares: 20 e 50% de embolismo na BR16 e Embrapa 48, respectivamente. A vulnerabilidade à cavitação, obtida pelo P50, foi maior na BR16 (P50 = -2 MPa) ao passo que a Embrapa 48 foi menos vulnerável (P50 = -2,5 MPa). Em TRA próximo a 48%, equivalente a Ψw = -3 MPa (praticamente 100% de embolismo), as cultivares atingiram 50% de perda em YII. Entre 27 e 30% de TRA, o YII chegou a 80% de queda com 50% de decréscimo na respiração mitocondrial (RE50%). Por fim, observou-se sinais de fotoinibição (Fv/Fm20%) com TRA de 15%, ou seja, antes de ocorrer fotoinibição já existiam vários eventos indicando o colapso do metabolismo da folha. Com isso observa-se que o controle estomático ocorre de modo a prevenir falhas hidráulicas, refletindo no quanto essas falhas são prejudiciais para a funcionalidade metabólica foliar. O que abre espaço para o uso YII como possível ferramenta no melhoramento genético voltado a tolerância ao estresse hídrico |