Resumo |
O uso de sêmen congelado na inseminação artificial de éguas tem crescido substancialmente nas ultimas décadas em função da crescente demanda por ganho genético, facilidade no transporte e armazenamento, além da otimização da vida reprodutiva de reprodutores. Entretanto, o processo de criopreservação danifica a célula espermática, resultando em maior susceptibilidade à lipoperoxidação, desorganização da membrana plasmática, redução da capacidade fertilizante e até mesmo morte celular. Para redução desses efeitos deletérios, estudos vem sendo conduzidos visando a busca da associação ideal entre crioprotetores e meios diluidores à curva de congelamento/descongelamento e envase. Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi comparar o efeito da dimetilformamida e do glicerol, associados ou não, sobre o potencial de membrana mitocondrial e capacidade de termo resistência da célula espermática. Para tal, quatro garanhões, aptos à reprodução, foram submetidos a coletas de sêmen, sendo as partidas destinadas ao congelamento com 4 diferentes agentes crioprotetores, tendo como base comum o diluídor Botu-Crio®, sem crioprotetor: gicerol 5% (T1); dimetilformamida 5% (T2); glicerol 2% e dimetilforfamimda 3% (T3); Botu-Crio® comercial (grupo controle - C). O experimento foi realizado em Viçosa-MG, em delineamento inteiramente casualizado, no esquema fatorial 4X4. As amostras foram descongeladas e avaliadas quanto ao potencial de mebrana mitocondrial, mediante uso da sonda JC-1 em citometria de fluxo, e teste de termo resistência (TTR) por 90 minutos a 37º C. Os melhores resultados foram obtidos com os tratamentos 2 e 3, sendo mais evidentes ao comparar as médias obtidas de motilidade espermática registradas no tempo 0 e 30 minutos de incubação à 37 oC pós descongelamento. Após esse período, as médias registradas de todos os tratamentos revelaram motilidade abaixo de 30%, indicando que o sêmen descongelado não suportou o estresse térmico promovido durante o teste. A queda na motilidade espermática após o descongelamento é associada à perda de componentes intracelulares ou de lesões estruturais na cauda dos espermatozoides, o que parece ter ocorrido mediante a predominância de baixa atividade mitocondrial encontrada, refletindo a taxa metabólica espermática após 40 minutos de incubação pós-descongelamento com a sonda JC-1, independente do tratamento. Maiores porcentagens de células com baixo potencial mitocondrial foram observadas (71,5 a 75,6 %) em todos os tratamentos, reforçando o efeito deletério do choque osmótico sobre o a membrana mitocondrial e a sensibilidade de tal organela ao processo de congelamento. O uso de dimetilformamida a 5% ou sua associação (3 %) ao glicerol a 2 %, proporcionou melhores resultados in vitro de motilidade pós descongelamento, sem apresentar contudo efeito sobre o potencial mitocondrial espermático. |