Resumo |
No contexto da estruturação e popularização do fenômeno esportivo na era modera, inaugurou-se o Movimento Olímpico, a partir da institucionalização do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ao longo dos anos essa instituição se envolveu em problemáticas que afetaram negativamente sua imagem. Em 2007, anunciou-se uma competição chamada Jogos Olímpicos da Juventude (JOJ) para atletas de 15 a 18 anos. Apresenta-se como hipótese que a iniciativa e a busca por fortalecer os Jogos Olímpicos da Juventude simbolizam uma forma de propagação de uma imagem positiva para o COI. O objetivo geral deste estudo foi analisar os contextos histórico, político e ideológico que envolveram a concepção e desenvolvimento dos Jogos Olímpicos da Juventude a partir das duas primeiras edições do evento de 2010 e 2014. A metodologia dessa pesquisa adota uma abordagem qualitativa e tem caráter descritivo. A coleta de dados envolveu fontes documentais, principalmente os relatórios oficiais dos Comitês Organizadores dos JOJ de Singapura 2010 e Nanquim 2014. A análise foi fundamentada na teoria da Análise Crítica do Discurso. Como resultados nota-se que o evento tentou se diferenciar dos Jogos Olímpicos tradicionais, além de estar atrelado à intenção de criar uma experiência esportiva positiva para adolescentes. Com o passar do tempo, acrescentou-se a ênfase em princípios da Educação Olímpica, enfatizando o Programa de Educação e Cultura (PEC). Porém, a rotina de treinamento de muitos foi similar a atletas olímpicos e apontada como obstáculo para que jovens participassem do PEC. Politicamente, os documentos analisados demonstram que Nanquim e Singapura utilizaram os JOJ como plataforma para a cultura da cidade e país. Quanto ao viés ideológico, apresentaram um cenário olímpico muito mais sensível ao que se denominou de olimpismo como filosofia de vida a partir do PEC, atribuindo aos jovens o papel de disseminarem os valores olímpicos. Concluiu-se que os JOJ estudados a partir dos relatórios oficiais investiram grandes esforços na promoção de uma imagem de “todo equilibrado” que o olimpismo busca, distinguindo-se dos Jogos Olímpicos convencionais. Percebeu-se que a tentativa dos JOJ de resgatar aqueles valores que são continuamente pronunciados nos Jogos Olímpicos tem sido apontada como bem sucedida nos documentos, mas, isso não é generalizável. Fica evidente que se deu ênfase no aspecto axiológico do esporte, ressaltando seus valores intrínsecos e extrínsecos, os quais movem indivíduos a se tornarem atores e agentes sociais. Entretanto, a excelência não perdeu espaço, demostrando ser inerente a uma competição internacional. Por fim, interpretações sobre o esporte no contexto internacional dos JOJ permeiam elementos como a igualdade de oportunidades, ética e política, especialização, overtraining, excelência e discriminação. Estas e outras problemáticas estão ausentes nos documentos e se constituem desafiadoras para a Educação Física e a juventude contemporânea. |