Resumo |
O desenvolvimento das aglomerações humanas que, mais tarde, se tornariam cidades, sempre esteve ligado à produção e fornecimento de alimentos. Entretanto, o desenvolvimento de tecnologias cada vez mais avançadas na produção, transporte e armazenamento desses bens essenciais permitiu que houvesse um distanciamento entre a produção, geralmente entendida como atividades da zona rural, e os seus consumidores moradores dos centros urbanos. Paralelamente, as cidades contemporâneas vêm passando por transformações físico-territoriais e sociais que, somadas ao acesso às novas tecnologias, têm modificado a forma de relação das pessoas com o espaço, fazendo com que, por vezes, elas não consigam dele se apropriar. Como uma resposta a essa realidade, ações de agricultura urbana, comum em sua forma espontânea e privada no Brasil, vêm crescendo enquanto movimento colaborativo organizado de intervenção na cidade. A partir dessa perspectiva, da lacuna que existe entre as questões relacionadas à alimentação e o planejamento urbano e da pouca pesquisa sobre a agricultura urbana no Brasil, o objetivo deste trabalho é investigar como a agricultura urbana pode interferir no relacionamento de uma comunidade com o espaço urbano, especificamente em Belo Horizonte, MG. Para isso, foi feito levantamento das legislações nacionais e estaduais do país relativas à agricultura urbana, a fim de compreender o contexto desse movimento no país. A revisão dos relatórios da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação de 2014, que tratam sobre os movimentos de agricultura na América Latina e no Caribe, de materiais complementares e contato com as instituições e movimentos que incentivam e promovem a agricultura urbana em Belo Horizonte, para a compreensão do movimento na cidade. A realização de estudos de caso nessa cidade, mediante observação participante, aplicação de entrevistas semiestruturadas e realização de mapas falados, tem permitido a identificação de elementos que auxiliam ou dificultam a implementação e manutenção desse tipo de proposta, além da relação que elas têm com a apropriação do espaço por uma comunidade. Entende-se que essa pesquisa contribui para os estudos da Agricultura Urbana, ainda recentes no Brasil, pensando-a como instrumento de desenvolvimento e planejamento urbano sustentável, com foco nas pessoas e em suas necessidades. |