Resumo |
Nas sociedades ocidentais, o poder se perpetua na multiplicidade de correlações de forças iminentes ao domínio, tendo, por sua vez, propagação pelas instituições sociais. Este conjunto arquitetônico se desemboca na formação de novos sujeitos para abastecer a estrutura civilizacional. Com a mutação dos olhares nas práticas corporais, junto às constatações acima apresentadas, nossa preocupação se desloca para as discursividades do Esporte na infância e juventude, visto que por ele se disseminam as tecnologias punitivas do corpo, como disciplina e educação para o controle. Nesse ínterim, o estudo objetiva interpretar a relação entre as instituições sociedade e esporte no que cerne à formação corporal na infância, evidenciando alguns mecanismos de docilização. Para isso, utilizou-se da pesquisa bibliográfica, embasando em bases teóricas com alto prestígio acadêmico, em especial nos estudos psicogenéticos e sociogenéticos do sociólogo alemão Norbert Elias, e nas genealogias do poder do filósofo francês Michel Foucault. Sua justificativa se reside na necessidade da produção de estudos que produzam apontamentos críticos-reflexivos acerca do status quo do Esporte, com a finalidade de fomentar melhor os projetos voltados para a formação cidadã pelas práticas corporais. Concluiu-se que o poder é legitimado por uma racionalidade das correlações de forças múltiplas que transpassam o corpo infantil, “mutilado” moralmente, que precisa ser docilizado pelo desporto. A repressão dos impulsos e paixões dos sujeitos na formação esportiva, juntamente com um “discurso de verdade” sobre seu papel para formar bons cidadãos, com destaque em sua fase Iniciação Esportiva, se coloca hoje como ferramenta privilegiada no funcionamento da grande máquina civilizadora. Fundamentado nessas premissas, os projetos esportivos aparecem como ferramentas biopolíticas para o controle dos comportamentos nos âmbitos públicos e privados, e cada vez mais ganha espaço na mídia com a valorização de seu aspecto social, em especial nas retóricas de afastamento das drogas e da criminalidade e, no aprendizado de valores e bons hábitos, que foram evidenciados neste estudo. |