Resumo |
O trabalho possui o objetivo de rastrear a trajetória artística do poeta Torquato Neto, seus momentos de ruptura estética e social com movimentos artísticos nas décadas de 1960 e 1970, como o CPC (Centro Popular de Cultura), o Tropicalismo e o Cinema Marginal. Parte-se da hipótese de que suas concepções de cultura nacional, e suas relações com outras instituições sociais, orientam suas rupturas artísticas, transitando entre uma concepção armorial, nacional-popular e tropicalista-antropofágica. Para tal, foi realizada uma análise documental a partir de documentos primários e secundários referentes à obra e à biografia de Torquato Neto, delimitando o escopo de análise em produções escritas pelo autor, em particular suas colunas jornalísticas, sua correspondência com Helio Oiticica e outros importantes registros documentais deixados pelo poeta. Embora a vida do autor tenha sido marcada pela brevidade (1944-1972), não se pode dizer o mesmo de sua obra. Demonstrando-se um autor prolífico, atuou em diversas modalidades artísticas, em especial a música, a poesia e o cinema. Suas produções artísticas estiveram associadas ao período em que é instituído o regime militar no Brasil e caracteriza-se por ser um importante momento para uma arte nacional de resistência. A relevância de sua obra perpassa desde sua coluna jornalística intitulada Geleia Geral, publicada no jornal Última Hora durante a década de 70, onde expressava posicionamentos sobre o meio social e artístico de sua época, trazendo valiosas contribuições para o desenvolvimento do jornalismo cultural no país, à sua faceta de letrista, escrevendo e contribuindo com letras musicadas por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jards Macalé, Edu Lobo, entre outros. Sua atuação como escritor e poeta também exerceu forte influência nos círculos artísticos da época. Embora não tenha publicado livros em vida, data de publicação póstuma os livros Os últimos dias de Paupéria, de 1973, organizado pelo poeta Waly Salomão, com quem tinha amizade, e Torquatália (vol. 1 e 2), de 2004, obra completa reunida e organizada por Paulo Roberto Pires. Além disso, ressalta-se sua contribuição para a Revista Navilouca (1974), de edição única, mas relevante para a definição de grupos e movimentos artísticos. Em suma, sua figura, inserida nesse contexto, expressa diferentes formas de engajamento político a partir de produções artísticas e jornalísticas. |