ISSN | 2237-9045 |
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Instituição | Universidade Federal de Viçosa |
Nível | Pós-graduação |
Modalidade | Pesquisa |
Área de conhecimento | Ciências Humanas e Sociais |
Área temática | Ciências Humanas |
Setor | Departamento de Economia Rural |
Bolsa | CNPq |
Conclusão de bolsa | Sim |
Apoio financeiro | FAPEMIG |
Primeiro autor | Marco Paulo Andrade |
Orientador | SHEILA MARIA DOULA |
Outros membros | Isadora Moreira Ribeiro, Jeferson Henrique dos Reis Lopes, João Paulo Louzada Vieira |
Título | Migração e lealdades: deslocamentos socioespaciais e manutenção da tradição rural na Zona da Mata Mineira |
Resumo | Para obter melhores condições de trabalho, acesso ao ensino superior e ascensão social, jovens rurais migram para os centros urbanos. Nos deslocamentos, eles levam consigo as memórias familiares, hábitos, ritos e mitos que fornecem códigos de orientação no mundo. Esse acervo foi elaborado ao longo das gerações e estrutura as regras de conduta e as relações entre os membros da família e a sociedade. À geração mais velha cabe o papel de guardiã desse acervo, que simboliza a história familiar, suas conquistas, projetos e fracassos. Ela é o elo entre o passado e o presente e a transmissão de seu legado garante a manutenção de lealdades invisíveis, que perpassam as gerações mesmo não sendo explicitadas. As lealdades sinalizam o pertencimento do indivíduo ao grupo familiar e se estabelecem sem coação e sem a consciência dessa obrigação. O objetivo deste trabalho é mostrar dados da pesquisa financiada pela FAPEMIG sobre trajetórias migratórias de famílias rurais da Zona da Mata Mineira e as lealdades familiares evocadas pelos migrantes. O estudo contou com levantamento bibliográfico e pesquisa de campo. Foram aplicados 76 questionários e realizadas entrevistas com jovens e famílias rurais com trajetórias migratórias em três gerações (avós, pais e filhos), residentes em 9 municípios da região. 57% dos participantes são do sexo feminino. As idades variam de 18 a 65 anos. Nas trajetórias da primeira e segunda gerações (avós e pais) prevaleceu o deslocamento rural-urbano, interestadual, em função da busca por trabalho. Na terceira geração o deslocamento é intrarregional, de áreas rurais ou pequenos municípios para cidades médias, motivado pelo estudo. A primeira geração deu origem ao projeto de migrar visando obter renda, retornar e comprar uma propriedade rural. Os membros dessa geração são figuras míticas da família por terem criado um capital de mobilidade socioespacial e rompido barreiras em busca de autonomia. As histórias dessa geração, quando transmitidas aos jovens, ajudam a reforçar os mitos e valores familiares. Os jovens que hoje se encontram nas cidades buscam manter as lealdades através de hábitos e representações criados na cultura familiar, como ir à missa aos finais de semana, cultivar uma horta e a culinária. Tais comportamentos são estratégias de conexão com o passado familiar. As lealdades também são mantidas nos projetos de vida da terceira geração: 19 jovens desejam retornar à zona rural, adquirir as próprias terras ou trazer melhorias para as propriedades dos pais, dado observado sobretudo entre os que estão cursando o ensino superior. Aqueles cujas famílias não possuem propriedade querem obter um emprego que propicie a compra de terras. Conclui-se que os deslocamentos socioespaciais não implicam em rompimento com as lealdades familiares. No entanto, os padrões não são seguidos de forma automática. Longe da mera repetição, eles são avaliados pela reflexividade, permanecendo os que ainda hoje possuem significados e sentidos positivos. |
Palavras-chave | Memória, gerações, família rural |
Forma de apresentação..... | Painel |