Resumo |
Introdução: Os prematuros estão expostos a condições de morbidade em diversas fases da vida, o que implica na necessidade de seu acompanhamento em serviço de referência, visando uma assistência integral que permita a detecção de agravos e adoção de intervenções. Objetivos: detectar as morbidades ocorridas entre prematuros acompanhados em serviço de referência secundária. Métodos: Estudo transversal descritivo de dados de prontuários de prematuros acompanhados em serviço de referência secundária para uma região de saúde, de 2010 a 2017 (n=276). Os prontuários de atendimento são semiestruturados, fato que possibilitou obtenção de dados de forma confiável para o presente estudo. O CEAE é o único serviço de referência para atendimento a prematuros de Viçosa e região de saúde, atendendo 20 municípios e uma população aproximada de 227.203 pessoas. O número anual de nascidos vivos no município de Viçosa variou no período entre 632 e 959 e as taxas anuais de prematuridade variaram entre 8,8 e 9,9 %. O atendimento é feito pela equipe interdisciplinar, composta por profissionais das áreas de pediatria, enfermagem, nutrição, psicologia, fisioterapia e assistência social, e tem convênio com a Universidade Federal de Viçosa. Para análise descritiva, as variáveis quantitativas do estudo foram apresentadas em mediana e intervalo interquartílico, após o teste Kolmogorov-Smirnov, e as variáveis qualitativas foram descritas em valores absolutos e percentuais, considerando-se os dados válidos. Resultados: A mediana de idade materna foi 27 anos, 45,3% das mães eram provenientes de outros municípios e 34,1% estudaram até o ensino fundamental. Quanto aos prematuros, 15,8% eram pequenos para a idade gestacional e 22,5% tinham menos de 32 semanas gestacionais. Ficaram internados na unidade de terapia intensiva neonatal 74,6% e, destes, 5,8% evoluíram com displasia broncopulmonar e 15% foram hemotransfundidos. Dos prematuros avaliados, 42,4% completaram acompanhamento ambulatorial até pelo menos os 12 meses de idade gestacional. Observou-se que os prematuros coabitavam com a mediana de três pessoas e que 36,5% coabitavam com tabagistas. Quanto às morbidades, detectou-se que 14,7% dos prematuros foram hospitalizados, principalmente por causas respiratórias, que 22,4% apresentaram pelo menos um episódio de sibilância, e que a anemia ferropriva e deficiência de ferro ocorreram em, respectivamente, 39,2% e 43% da população. Observaram-se erros alimentares em 41,7% e uso de leite de vaca antes de um ano de idade em 30,2%. Conclusão: O estudo identificou frequência relevante de problemas respiratórios, anemia ferropriva e deficiência de ferro entre os prematuros e destacou os também frequentes convívio com tabagistas e erros alimentares. Os resultados sinalizam que, por meio do acompanhamento em serviço de referência, devem ser realizadas a identificação dos fatores associados e a adoção de estratégias visando à promoção de saúde, prevenção e tratamento dos agravos. |