Resumo |
O leite materno supre adequadamente as necessidades nutricionais e hídricas do recém-nascido, promovendo crescimento e desenvolvimento harmoniosos, por isso deve ser ofertado exclusivamente até os seis meses de vida. Já o aleitamento nas primeiras horas de vida, protege contra infecções e reduz a mortalidade neonatal. No entanto, partos cesarianos realizados precocemente, dificultam a ejeção do leite e levam a maior utilização de formulas infantis. Em um parto normal fisiológico, são liberados hormônios que beneficiam a descida do colostro e a amamentação, a chamada lactogênese. Desde 1985, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a taxa ideal de cesarianas seja entre 10% e 15% em um país. Porém, dados de 2011 mostram que 53,7% dos partos realizados no Brasil foram cesáreos, sendo a maior taxa do mundo. O objetivo foi analisar a associação entre o tipo de parto e o retardo do início do aleitamento materno. Trata-se de um estudo transversal que foi realizado no município de Viçosa, Minas gerais. A amostra foi de 5.611 mães orientadas pelo Programa de Apoio a Lactação (PROLAC), entre outubro de 2012 a março 2018. O programa é uma iniciativa do Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa em parceria com o Hospital São Sebastião do município. Criado em agosto de 2003, ele tem por objetivo incentivar e apoiar as mães na prática da amamentação, orientar no período pós-parto e acompanhar o binômio mãe-filho no primeiro ano de vida. As variáveis analisadas foram idade da mãe, sexo da criança, tipo de parto e aleitamento materno nas primeiras horas de vida. Os dados foram processados e analisados no software SPSS versão 23.0. A caracterização da amostra foi feita utilizando-se distribuição de frequências e estimativas de medidas de tendência central e de dispersão. Foi realizado o teste Qui Quadrado para verificar a associação entre as variáveis. O nível de significância adotado foi α < 5%. A idade média das mães foi de 27,24 (6,55) anos, sendo que 14,4% (n = 807) eram adolescentes. A prevalência de cesarianas foi de 69,7% (n = 3912), sendo que do total de mães, 15,05% (n = 845) não amamentou nas primeiras horas de vida. Houve uma redução na prevalência de cesarianas no decorrer dos anos avaliados, sendo de 75,5% (2012), 74,6% (2013), 70,9% (2014), 66,4% (2015), 68,4% (2016), 70,2% (2017) e 68,6% (2018). Observou-se associação entre o tipo de parto e o aleitamento materno com p = 0,002. Dentre as mães que tiveram parto cesáreo, 16,05% (n = 628) não amamentaram nas primeiras horas, enquanto que para mães de parto normal, este percentual foi de 12,77% (n = 217), p<0,05. Portanto, existe relação entre o tipo de parto e o retardo no início do aleitamento materno, uma vez que a prevalência de amamentação nas primeiras horas de vida são maiores no parto normal, quando comparadas a cesárea. |