Outros membros |
Carlos Antonio Jacinto, Elisamara Morais de Oliveira, Leonardo Antunes Moreira Soares, Márcia Fernandes Quintão da Silva, Marina Tack Ramos, THAIS ALMEIDA CARDOSO FERNANDEZ, Wilson Fernando Pereira da Silva, Yuri Almeida Sales |
Resumo |
O projeto BIOLIBRAS é desenvolvido por um grupo heterogêneo de pesquisadores, docentes e discentes da UFV, e profissionais da educação municipal de Viçosa, voltado ao ensino e aprendizagem de Ciências, da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e da Língua Portuguesa (LP) para crianças e adolescentes surdos de Viçosa e região. Atualmente, o projeto atende seis surdos, e tem como objetivo promover a aprendizagem das línguas, Libras e LP, utilizando diversas temáticas voltadas ao cotidiano desses sujeitos. O trabalho se desenvolve por meio de oficinas semanais que são ministradas por um professor surdo, dada a importância do desenvolvimento da identidade surda por parte dos participantes, já que todos são oriundos de famílias ouvintes. As oficinas são precedidas por reuniões onde são discutidas metodologias inclusivas para serem aplicadas nas oficinas, dentre elas o registro gráfico como mecanismo de ensino, tendo em vista a percepção visual dos surdos. Entende-se por registro gráfico a sistematização de informações em painéis, por meio de desenhos realizados por profissionais denominados facilitadores gráficos, auxiliados por colheitadores de informações. O trabalho com a facilitação gráfica no BIOLIBRAS iniciou-se com a sistematização dos encontros e, posteriormente, com a apresentação do painel na oficina subsequente, como forma de recapitular a discussão do encontro anterior. Posteriormente, o trabalho foi expandido como linguagem de aprendizagem, com a criação de desenhos temáticos sobre as oficinas. Por exemplo, foi desenvolvido um quadro de expressões e características físicas e emocionais, que consistia em um conjunto de desenhos imantados, distribuídos sobre um quadro metálico, que podiam ser manipulados. Os ímãs eram divididos em dois grupos: o primeiro era composto por rostos femininos e masculinos onde formatos de cabelo, barba e adereços faciais eram móveis e podiam ser trocados sobre os rostos. O segundo era uma forma humana articulada com o espaço da face vazia, junto a ela uma variedade de ícones conhecidos como emoticons podiam ser sobrepostos ao rosto e, com uma posição corporal, definiam um sentimento. Sabendo-se da importância das expressões faciais e corporais para a comunicação em Libras, o intento era facilitar a compreensão dos estudantes sobre conceitos abstratos. Também foram usados pictogramas, que consistem em representações de objetos e conceitos de forma gráfica e extremamente simplificada, para auxiliar a interpretação de mapas e plantas baixas. As experiências com o uso da facilitação gráfica nas oficinas do BIOLIBRAS demonstraram que os surdos participantes possuem uma interpretação imagética e metafórica diferente dos ouvintes, com uma visão literal sobre metáforas e preferindo imagens realísticas do que as lúdicas. Diante disso, acredita-se que o uso dos desenhos e das imagens pode potencializar o ensino para surdos e ainda pode ser uma alternativa de avaliação quando realizados pelos próprios estudantes. |