Resumo |
A fertilidade de reprodutores bovinos pode ser afetada por patologias espermáticas oriundas de problemas desde a formação do espermatozoide nos testículos até sua maturação no epidídimo, levando a perdas econômicas em rebanhos. Dentre essas patologias, a aplasia segmentar da bainha mitocondrial (ASBM) é uma anomalia espermática identificada no ejaculado de bovinos, sendo definida como pequenas lacunas ou ausência parcial ou total das mitocôndrias da peça intermediária na célula espermática. Como consequência desta patologia, observa-se ejaculados com baixa motilidade e vigor espermático. O presente trabalho teve como objetivo avaliar parâmetros histomorfométricos de testículos de touros apresentando esta patologia no sêmen. Para isto, touros da raça Gir foram divididos em dois grupos considerando-se animais potencialmente férteis (controle; n = 3) e inférteis (ASBM; n = 3) pelo exame andrológico, segundo as normas do Colégio Brasileiro de Reprodução Animal-(CBRA, 2013). Após a castração dos animais (CEUA/UFV, processo 63/2017), fragmentos de testículos foram fixados em paraformaldeído 4% por 12 h, e processados histologicamente para inclusão em hidroxietil metacrilato (Historesin®, Leica Microsystems). Cortes histológicos com 3 μm de espessura foram corados com azul de toluidina - borato de sódio 1% e analisados qualitativamente em microscópio óptico (Olympus CX40, Toquio, Japão). Adicionalmente, fotografou-se 10 campos histológicos aleatórios, em fotomicroscópio equipado com câmera digital no aumento de 10x. Nestes campos, foram avaliados parâmetros morfométricos como diâmetro tubular e luminal de túbulos seminíferos, bem como altura do epitélio utilizando-se o software Image J. Os resultados foram submetidos ao teste T de Student ao nível de significância de 5%. Não foram observadas alterações na presença e padrão de distribuição das células germinativas no epitélio seminífero de touros potencialmente férteis e inférteis. O epitélio seminífero desses animais apresentou células de Sertoli apoiando os diferentes tipos de células germinativas, como espermatogônias, espermatócitos e espermátides, bem como espermatozoides no lúmen. Quanto à morfometria, a altura média do epitélio seminífero de touros férteis foi menor (159,1 ± 28,4 µm) que a média obtida em touros inférteis (177,9 ± 21,5 µm; P < 0.05). Já o diâmetro médio tubular (controle = 545,8 ± 67,9 µm; ASBM = 520,8 ± 55,0 µm) e luminal (controle = 216,5 ± 43,6 µm; ASBM = 157,2 ± 49,4 µm) não apresentaram diferenças entre os animais experimentais (P > 0.05). Pode-se concluir que animais contendo ASBM no sêmen não apresentaram alterações histológicas importantes no testículo quando observados em microscopia de luz, com diferença observada apenas na altura do epitélio. |