Outros membros |
Aline de Oliveira Ferreira, Andressa Brito Damaceno, Arthur Neves Passos, JOSE DE OLIVEIRA PINTO, MARCEL FERREIRA BASTOS AVANZA, Maristela Vieira de Souza Clavery, Nathalia dos Santos Rosse, Rachel de Andrade Tavares |
Resumo |
A artrite interfalangeana distal séptica em caprinos é um processo infeccioso, geralmente crônico, caracterizado pela inflamação do espaço articular e que se estende para ambas estruturas ósseas adjacentes. Sua etiologia pode ser decorrente de lesões traumáticas locais. Esta patologia pode ser suspeitada quando há acúmulo de exsudato purulento, edema e sensibilidade dolorosa exagerada à palpação do dígito afetado. Ao exame radiográfico observa-se descaracterização das estruturas ósseas normais, que se apresentam rarefacientes e com perda de tecido, e ainda há necrose e neoformações ósseas adjacentes. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um caprino apresentando artrite interfalangeana distal séptica, periostite, e osteomielite do dígito medial do membro pélvico esquerdo (MPE) e tendinite no mesmo membro. Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Viçosa no dia 22 de março de 2018 uma cabra Saanen, de três anos, com histórico de claudicação devido a um ferimento no MPE. Segundo relato do proprietário, a ferida iniciou a partir de um abcesso interdigital, que foi cauterizado e após 20 dias foi observado já da forma em que chegou ao hospital. Ao exame clínico observou-se que o animal não apoiava sobre o membro acometido, sua extremidade estava muito edemaciada, com uma ferida ulcerada, secreção serosanguinolenta, presença de miíase, extensa destruição do tecido queratinizado da sola e paredes axial e abaxial do casco correspondente, além de tecido necrosado envolvendo a região onde se situaria a falange distal e estendendo para a falange adjacente. Ao exame radiográfico foi constatada reação óssea em paliçada, perda de contorno ósseo, áreas de esclerose e perda das linhas articulares entre as falanges distal e média, achados estes compatíveis com o quadro de artrite, periostite e osteomielite. Para tal diagnóstico geralmente é indicada a reparação cirúrgica, com amputação do dígito afetado, entretanto nesse caso, por ser um animal leve, dócil e de fácil manejo, optou-se pelo tratamento conservador. Foi então iniciada terapia com enrofloxacina na dosagem de 5 mg/kg por via intramuscular, uma vez ao dia (SID), durante 21 dias; flunixin meglumine, na dose de 1,1 mg/kg por via intravenosa, SID, durante 5 dias; e perfusão regional com 750 mg de amicacina associada a 2 mL de lidocaína, a cada 48 horas, totalizando três aplicações, a partir do segundo dia de internamento. Também foi realizada a limpeza diária e curativo da ferida. Após 2 meses de tratamento o animal já não apresentava mais nenhuma alteração clínica e já apoiava normalmente o membro afetado no solo, a ferida já estava cicatrizada e o casco em crescimento. Dessa forma ficou comprovado que em caprinos esta patologia, quando tratada correta e intensivamente, pode-se obter bons resultados e evita-se a amputação de dígito, o que deixaria o animal esteticamente defeituoso e reduziria sua vida produtiva. |