Resumo |
Introdução: A partir da década de 1980, agricultures(as) familiares do entorno da Serra do Brigadeiro influenciados pela atuação das Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s), organizam-se em torno de Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STR’s) e estabeleceram parcerias com o movimento agroecológico promovido à partir da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM). O processo de efetivação do Território da Serra do Brigadeiro (TSB) homologado em 2003 pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que fez parte do Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais (PRONAT) converge com o fortelecimento do movimento de agroecologia na Serra do Brigadeiro. Paralelamente, a intensificação das pesquisas no setor minerário a partir da década de 1980 levam a descoberta, na década de 2000, de importantes jazidas de bauxita na região, que então disponta como a segunda maior reserva de Bauxita do Brasil (MAGNANO, 2017). Objetivo: Diante deste contexto, o presente estudo busca investigar o conflito estabelecido entre a mineração e a agricultura familiar, evidenciando especialmente as territorialidades confrontantes. Portanto, o foco primordial de investigação é o da mineração como expressão do caráter expropriador do capitalismo em escala mundial, agravada sobretudo no contexto de países subalternizados. Metodologia: Para tal análise lança-se mão da formulação marxista sobre a acumulação primitiva, como também da interlocução de David Harvey (2004) e Virginia Fontes (2010) em suas respectivas releituras do conceito na contemporaneidade. Conjuntamente objetiva-se compreender a territorialidade da agricultura familiar. Para tal propósito, a cartografia social (ACSELRAD, 2008) será utilizada como principal ferramenta metodológica, eleita para este fim pela potência expressiva que representa, capaz de articular a materialidade e o simbólico, e assim se configurar como legítima prática sócio-política-cultural de poder sobre o território, possibilitando a emancipação dos sujeitos da comunidade em relação ao discurso cartográfico oficial. Resultados e Conclusões: o processo de elaboração da cartografia social, elemento central para a análise que aqui se propõe, encontra-se em fase de construção. Até o momento foram realizados dois do total de cinco encontros: um primeiro em Muriaé, onde foi apresentada a proposta de trabalho à comissão de enfrentamento à mineração e um segundo no distrito de Belisário, comunidade escolhida para o desenvolvimento do presente trabalho. A atividade desenvolvida neste primeiro encontro com a comunidade teve por objetivo identificar entre os moradores elementos ligados aos três eixos: memória, identidade e sonho. Tais elementos irão balizar a construção do trabalho de auto mapeamento nos encontros subsequentes. |