Resumo |
Durante a fase pré-puberal, o epidídimo ainda está em desenvolvimento, ocorrendo a diferenciação de suas regiões. Este longo ducto altamente convoluto conecta os canais eferentes ao ducto deferente, e desempenha um papel fundamental na maturação dos espermatozoides. Ele é susceptível aos efeitos tóxicos do arsênio, que é um metal pesado encontrado na natureza e em resíduos de diferentes tipos de indústria e que, quando descartado de forma incorreta, contamina principalmente a água. Estudos recentes têm demonstrado que a exposição de ratos adultos ao arsênio causa alterações no epidídimo e em parâmetros espermáticos. No entanto, não se sabe quais os efeitos da exposição de As na água de beber no epidídimo durante a fase pré-puberal. Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar parâmetros biométricos do epidídimo, bem como do testículo, e quantificar os espermatozoides presentes nas regiões epididimárias de ratos Wistar pré-púberes expostos ao arsênio. Foram utilizados 20 animais com 21 dias de idade, que foram separados aleatoriamente em dois grupos experimentais. Animais do grupo controle (C; n= 10) receberam água filtrada, enquanto que animais do grupo arsênio (As; n = 10) foram tratados com solução de arsenito de sódio (10mg/L) na água de beber por 29 dias, até completarem 50 dias de idade (CEUA/UFV, processo 96/2017). No dia seguinte, os animais foram eutanasiados para obtenção de testículos e epidídimos, os quais foram pesados. Os epidídimos foram processados para avaliação do número de espermatozoides nas suas regiões. Os resultados obtidos foram submetidos ao teste t de Student (P < 0,05) utilizando o software Graph-Pad Prism. Análises biométricas mostraram que o peso médio dos testículos direito e esquerdo dos animais expostos ao As (D: 1,088 ± 0,05580 g; E: 1,083 ± 0,05242 g) foi menor do que o dos animais controle (D: 1,283 ± 0,04364 g; E: 1,293 ± 0,04749 g). O peso dos epidídimos também reduziu nos animais expostos ao As (D: 0,1921 ± 0,01221 g; E: 0,2021 ± 0,01676 g) em relação aos animais controles (D: 0,2443 ± 0,01193 g; E: 0,2433 ± 0,008513 g). O número de espermatozoides presentes nas regiões da cabeça e corpo do epidídimo foi menor em animais expostos ao arsênio (60,37 ± 2,383 x 106) que em animais do grupo controle (94,83 ± 3,089 x 106) (P < 0,05). Da mesma forma, o número de espermatozoides presentes na região da cauda foi menor nos animais expostos ao arsênio (69,43 ± 4,730 x 106) em relação aos controles (126,4 ± 9,034 x 106)(P < 0,05). Pode se concluir que ratos Wistar pré-púberes apresentaram alterações no peso epididimário e testicular, bem como na quantidade de espermatozoides após exposição ao As. Este resultado sugere que a exposição precoce ao arsênio pode comprometer a performance reprodutiva de machos em sua fase adulta. |