Resumo |
O trabalho teve como objetivo investigar o efeito da restrição alimentar na primeira e segunda metade da gestação sobre o desenvolvimento do músculo esquelético e metabolismo energético em recém nascidos. Quatorze cabras foram distribuídas aleatoriamente em dois tratamentos alimentares. O primeiro foi o de restrição-mantença, onde os animais foram submetidos a uma restrição alimentar em 50% das recomendações do NRC do 8o ao 84o dia de gestação e realimentação em 100% das recomendações do dia 85 ao parto. O segundo tratamento consistiu em alimentação de modo a atender 100% das recomendações do NRC do 8o ao 84o dia de gestação seguido de restrição alimentar em 50% das recomendações do dia 85 ao parto. Ao nascer, todos os cabritos foram imediatamente separados das mães, pesados e abatidos. Foram coletadas amostras de sangue, de músculo esquelético (Longissimus dorsi) e fígado. O nível de glicose no sangue, peso ao nascer, número, tamanho e composição de fibras musculares não foram influenciados pela restrição alimentar materna. A expressão do marcador miogênico PAX7 foi maior nos recém-nascidos provenientes de gestação unifetal do tratamento restrição-mantença, enquanto que a expressão de PAX3 não foi afetada pelo tratamento alimentar materno. Com exceção do marcador fibrogênico COL III, o qual foi o menos expresso no tratamento mantença-restrição, os demais marcadores adipogênicos e fibrogênicos, como PDGFRα, Zfp423, PPARγ, Pref-1 e COL I não apresentaram diferenças entre os tratamentos. Além disso, a análise de abundância das proteínas PDGFRα e PPARγ não revelou diferenças entre os tratamentos. No que diz respeito ao metabolismo energético do recém-nascido, a restrição alimentar materna impactou na expressão de mRNA da enzima glicolítica HKII, que foi menos expressa no tratamento mantença-restrição. No entanto, nenhum efeito de tratamento foi observado em outros marcadores avaliados, incluindo INSR, IRS-1, GLUT4, PFKM e PKM. A abundância das proteínas IRS-1, GLUT4, AMPK, AMPK e p-mTOR também não foram afetadas. No fígado, não foi observado diferença entre os tratamentos na expressão dos marcadores INSR, IRS-1, HK4 e PKLR. Conclui-se que a restrição alimentar materna na segunda metade da gestação não afeta a expressão de mRNA dos marcadores de miogênese, adipogênese e fibrogênese e nem altera a população de células mesenquimais no tecido muscular esquelético dos cabritos recém-nascidos. No entanto pode impactar no metabolismo energético pela redução da expressão de HKII no musculo esquelético. Além disso, os dados sugerem que a restrição alimentar materna na primeira metade da gestação seguida de realimentação pode ter sustentado um crescimento compensatório no músculo esquelético do recém-nascido. |