Resumo |
Considerando que a mastite é responsável por elevar os prejuízos econômicos dentro dos sistemas de produção, têm-se estudado métodos alternativos que estabeleçam o diagnóstico precoce da doença, permitindo minimizar perdas e determinar um protocolo de tratamento eficiente. Neste contexto, a busca por marcadores precoces da inflamação como as proteínas inflamatórias de fase aguda (PFA), a fim de auxiliar no diagnóstico e prognóstico é de suma importância, possibilitando tomadas de ações antes que ocorram danos irreversíveis a glândula mamária. O presente estudo teve como objetivo, determinar o perfil das PFA’s em vacas com mastite por meio da eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE). Foram utilizadas 17 vacas da raça Holandesa em lactação, oriundas de uma propriedade na Zona da Mata Mineira. Os animais foram submetidos ao teste da Caneca de Fundo Escuro e California Mastitis Test (CMT) no momento da ordenha para o diagnóstico da enfermidade. O sangue foi coletado através de venopunção da jugular em tubo com gel de 8 ml e submetidas a centrifugação de 3.000 rpm para obtenção do soro. As amostras foram submetidas à análise bioquímica para determinação da proteína total, obtida através da espectrofotômetria em analisador bioquímico automático (HumaStar 300®). Para o fracionamento das proteínas foi realizada eletroforese (SDS-PAGE), conforme técnica descrita por Laemmli (1970) modificada. Os animais apresentaram proteína total média de 12,15g/dL e as principais PFA’s identificadas foram: haptoglobina (102,7 + 54,7 mg/dL), ceruloplasmina (38,62 + 19,82 mg/dL), α1-antitripsina (192,20 + 232,7 mg/dL), glicoproteína ácida (59,31 + 31,17 mg/dL) etransferrina (366,10 + 124,50 mg/dL). Exceto a transferrina, as PFA’s identificadas são PFA positivas, tendo sua concentração elevada em processos inflamatórios. Neste estudo, todas as PFA’s apresentaram concentrações elevadas. A haptoglobina é a PFA de maior importância para a espécie avaliada, o valor observado encontra-se bem acima do descrito em animais saudáveis (< 2mg/dL). As demais proteínas apresentam uma resposta moderada, em animais saudáveis estas proteínas encontram-se em baixas concentrações (< 0,1 μg/dl), atingindo o pico em dois a três dias após o insulto e reduzindo mais lentamente. A transferrina é uma PFA negativa, ou seja, apresenta redução na sua concentração em processos inflamatórios, o valor observado neste estudo encontra-se dentro do intervalo de referência para a espécie (200-600 mg/dL). O mecanismo pelo qual se observa esta diminuição ainda não está totalmente esclarecido. Sabe-se que este decréscimo pode se apresentar em um período de horas ou dias, o que pode justificar os achados neste estudo, já que não se sabe o momento em que os animais iniciaram processo inflamatório. A utilização das PFA’s, como diagnóstico e monitorização de tratamento, é um dos usos práticos e promissores na clínica desses animais. |