Resumo |
Índices são ferramentas de suporte ao planejamento, a autoanálise e a avaliação de desempenho. A vantagem em gerir a sustentabilidade ambiental das áreas agrícolas por meio de um índice é a possibilidade de concentrar maiores esforços nas atividades e pontos de pior desempenho no território e acompanhar a evolução até os resultados desejados. O objetivo desse trabalho é caracterizar de forma geograficamente explicita as tendências históricas (2002-2014) da sustentabilidade ambiental na agropecuária para o Brasil por meio de um índice. Para chegar ao objetivo, foram selecionados três indicadores que possuem reflexos negativos ao meio ambiente, estar disponíveis a nível nacional e serem mensuráveis numericamente, sendo eles: i) área queimada estimada por sensoriamento remoto (produto MCD45A1 do sensor MODIS), ii) emissões de gases de efeito estufa pela mudança no uso do solo e pelas atividades agropecuárias e iii) indicador de suscetibilidade a erosão laminar dos solos. Os indicadores de área queimada e emissões de gases de efeito estufa foram obtidos em bancos de dados previamente disponíveis, enquanto o indicador de suscetibilidade a erosão dos solos foi desenvolvido durante a execução desse projeto. O indicador de suscetibilidade a erosão foi calculado aplicando a técnica de Lógica Fuzzy a quatro fatores da Equação Universal de Perda de Solos (erodibidade da chuva, erosividade do solo, topografia e uso do solo). O índice final é constituído da média dos valores dos três indicadores. Os resultados indicam que no período entre 2002 e 2014 a suscetibilidade a erosão aumentou principalmente na região Oeste da Bahia, na região central do Mato Grosso (próximo a Sinop) e do Amazonas (na microrregião de Japurá) e no Norte Maranhense. Por outro lado, suscetibilidade a erosão reduziu na região leste de São Paulo (microrregião de Campinas), provavelmente por ter havido redução da área agrícola. De acordo com o índice, os estados que apresentaram pior desempenho relacionado a sustentabilidade da agropecuária durante a maioria dos anos estudados foram São Paulo e Mato Grosso. Também se destacam nos piores desempenhos a região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), Rio Grande do Sul e região central do Amazonas. Os índices de sustentabilidade não devem ser utilizados para gerar exclusão, mas sim serem utilizados como ferramentas auxiliares para conhecer as particularidades das diferentes regiões e para direcionar ações para melhorias. O índice proposto nesse estudo demonstra ser uma ferramenta promissora em direção a aumentar a produção de alimentos e com proteção ao meio ambiente no Brasil. |