Resumo |
O conhecimento das características morfométricas de uma bacia hidrográfica pode descrever seu comportamento hidrológico a partir do momento em que relações são estabelecidas entre estes e dados hidrológicos conhecidos. Desta forma, estimativas de processos hidrológicos podem ser obtidos indiretamente para locais onde inexistem dados primários. Pelo fato do Brasil ser um país de ampla extensão territorial, com uma malha hidrográfica muito expressiva e pouco investimento nesse setor, a escassez de dados é realidade na maioria das bacias hidrográficas e estudos dessa natureza merecem destaque por serem baratos, rápidos e de fácil execução com o uso de ferramentas de sistemas de informação geográfica. O objetivo deste trabalho foi determinar as características morfométricas da bacia hidrográfica do rio Angu, inserida na bacia do rio Paraíba do Sul, pertencente à região hidrográfica do Atlântico Sudeste. O rio Angu é o rio principal da bacia, possui nascente no município de Guarará e foz no rio Paraíba do Sul. Utilizou-se o software ArcGIS® 10.1 para gerar o Modelo Digital de Elevação Hidrograficamente Condicionado (MDEHC), obter a hidrografia numérica, delimitar a área de drenagem a partir da foz e determinar as características morfométricas da bacia, sendo levantados os atributos: área de drenagem, perímetro, comprimento axial da bacia, comprimento do canal principal, comprimento total dos canais, comprimento vetorial do canal principal, declividade média da bacia, declividade média do canal principal, altitude máxima da bacia, amplitude altimétrica da bacia e ordem da bacia. Por estes atributos foram calculados os parâmetros morfométricos: fator de forma (Kf), coeficiente de compacidade (Kc), índice de circularidade (Ic) e densidade de drenagem (Dd). Verificou-se que a altitude variou de 104 a 893 m entre as regiões mais declivosas das nascentes até a foz. A declividade média encontrada foi de 28,86%, sendo que a classe de relevo predominante foi forte-ondulado (20-45%), indicando que a bacia apresenta alta propensão em gerar escoamento superficial direto. O coeficiente de compacidade (Kc) e o fator de forma (kf) encontrados foram de 2,63 e 0,20, respectivamente, sugerindo menor tendência a enchentes no que diz respeito à forma. O índice de circularidade (Ic) obtido foi de 0,17, sendo que valor próximo de 1 indica formato mais circular e maior propensão a enchentes. Desta forma, o valor de Ic obtido para a bacia em estudo corroborou com a indicação de reduzida tendência a enchentes. Constatou-se, ainda, densidade de drenagem de 0,70 km/km² indicando ser a bacia como pouco drenada. Pode-se concluir que apesar do relevo fortemente ondulado, as demais características morfométricas determinam menor propensão a enchentes em eventos hidrológicos extremos nesta bacia. Acredita-se que esse tipo de estudo é essencial para o planejamento e gestão de bacias hidrográficas, uma vez que possibilita identificar áreas com elevados riscos hidrológicos. |