Resumo |
Para o armazenamento da soja, na maioria dos casos, é necessária a secagem para níveis de teor de água próximos de 13,0%. No Brasil, normalmente, são empregados secadores com capacidade horária entre 40 a 250 t.h-1 e capacidade estática de 50,0 a 375,0 t. Assim, para perfeita condução da secagem é indicado a segregação das cargas recebidas segundo o teor de água para obter lotes homogêneos. Caso contrário haverá riscos de supersecagem ou subsecagem. A supersecagem caracteriza por cargas secas com o teor de água abaixo do adotado na comercialização, trazendo prejuízo monetário; enquanto subsecagem corresponde a cargas com teor de água acima do ideal para o armazenamento, o que pode desencadear a deterioração fúngica e, ou perda de massa do produto armazenado devido a maiores taxas de respiração. Deste modo, neste estudo foi avaliado o impacto da segregação de cargas de soja no armazenamento e na comercialização, empregando modelagem e simulação. Para modelagem do sistema de recepção e secagem de grãos foi empregada a linguagem de programação Visual Basic for Applications® no ambiente do programa Microsoft Excel®, enquanto a simulação referiu-se à comparação de quatro cenários correspondentes a recepção de 3.500 t de soja por dia, assim distribuídos: 175,0 t com teor de água de 24,0%, 770,0 t com 22,0%, 1.225 t com 18,0%, 700,0 t com 16,0% e 630,0 t com 14,0%. Os cenários foram: (i) Cenário I – sem segregação; (ii) Cenário II – foram segregados como “muito úmido” os quantitativos das cargas com teores de água de 22,0 e 24,0%, “úmido” teor de água 18,0%, “semiúmido” 16,0% e “seco” 14,0%; (iii) Cenário III – “muito úmido” com teor de água de 24,0%, “úmido” 18,0 e 22,0% , “semiúmido” 16,0% e “seco” 14,0%; e (iv) Cenário IV – “muito úmido” com teor de água de 24,0%, “úmido” 22,0% , “semiúmido” 16,0 e 18,0% e “seco” 14,0%. Ao se proceder a simulação, tomando o valor da saca de soja igual a R$ 71,32, para o Cenário I foram obtidas 3.238,93 t de produto. Deste quantitativo, 26,8% apresentou o risco de deterioração fúngica e perda de massa durante a armazenagem, enquanto 38,3% apresentou como superseco, correspondendo ao prejuízo de 41,3 mil reais na comercialização. No Cenário II foi obtida a mesma quantidade de produto seco do Cenário I, no entanto 26,0% sob o risco de deterioração fúngica e perda de massa durante a armazenagem. A modelo do Cenário II, no Cenário III o risco de deterioração fúngica e perda de massa durante a armazenagem correspondeu a 22,0% da quantidade de produto obtida, 3.259,2 t. Para o Cenário IV ocorreu supersecagem, correspondendo a 20,0% das 3.221,74 t de produto obtida, configurando no prejuízo de 14,7 mil reais na comercialização. Portanto, conclui-se que é primordial a segregação das cargas no recebimento visando minimizar os riscos de supersecagem e, ou subsecagem na gestão de unidade armazenadora de grãos. |