Resumo |
Introdução: A detecção do risco nutricional em ambiente hospitalar representa a possibilidade de uma intervenção precoce e mais efetiva. No Brasil, há apenas uma ferramenta traduzida para triagem nutricional em pediatria – o StrongKids. Por ser um método recente e ainda pouco utilizado, pouco se conhece sobre a frequência do risco neste grupo e como esta ferramenta se inter-relaciona com variáveis de interesse em saúde. Objetivos: Avaliar a prevalência do risco nutricional por meio do StrongKids e sua relação com o consumo alimentar e com o tempo de hospitalização em crianças e adolescentes internados em um hospital filantrópico no município de Viçosa, Minas Gerais.Metodologia: Foram avaliados os pacientes admitidos no setor de pediatria no período de julho de 2017 à julho de 2018. Os procedimentos adotados incluíram: aplicação de um questionário sociodemográfico, triagem de risco nutricional pelo StrongKids, avaliação do consumo alimentar atual por meio da aplicação de um Recordatório de 24 horas com o responsável/acompanhante e consulta ao prontuário médico para obtenção do tempo de internação. A relação entre a pontuação do StrongKids e as variáveis de interesse foi verificada pela correlação de Spearman. A variação no tempo de hospitalização segundo as categorias de risco nutricional foi avaliada pelo teste de Kruskall-Wallis, complementado pelo post hoc de Dunn. O consumo alimentar foi quantificado no Diet Pro (versão 5.i). Os dados foram tabulados no Microsoft Excel e analisados no software SPSS (versão 22.0). Resultados: Participaram do estudo 152 crianças e adolescentes, com idade média de 4,1 anos (DP: 3,6 anos), sendo a maioria do sexo feminino (51,3%; n=78). Segundo o StrongKids, 24,1% dos avaliados apresentavam baixo risco nutricional (BR), 69,7% médio risco (MR) e 6,2% alto risco (AR). Uma maior pontuação no StrongKids, indicativa de maior risco nutricional, se correlacionou de forma significativa com o maior tempo de hospitalização (rho: 0,214; p=0,011),com o menor consumo energético (rho: -0,203; p=0,045), de proteínas (rho: -0,245; p=0,014), cálcio (rho: -0,314; p>0,001) e ferro (rho: -0,231; p=0,021). A mediana do tempo de internação dos pacientes classificados como AR (7 dias) foi maior quando comparada às outras categorias (MR= 4 dias; BR=3 dias) (p=0,025). Conclusão:A prevalência de risco nutricional em crianças e adolescentes hospitalizados foi elevada (cerca de 3/4 dos avaliados apresentavam MR ou AR). Este método se associou de forma significativa com o tempo de hospitalização e com variáveis de consumo alimentar, o que sugere sua utilidade na prática clínica. |