Resumo |
Em sistemas de cultivo orgânico e sem agrotóxico (SAT), várias práticas são comumente utilizadas como alternativas ao controle químico. Dentre essas, destacam-se o controle biológico que faz uso de inimigos naturais (como ácaros predadores) e a aplicação de caldas a base de produtos não sintéticos, como a calda sulfocálcica. Apesar deste produto alternativo estar sendo usado há muito tempo visando o controle de ácaros praga na cultura do morango, pouco se conhece sobre seus efeitos em organismos não-alvo. Diante disso, o objetivo deste estudo foi analisar os efeitos da calda sulfocácica sobre os principais ácaros que ocorrem na cultura do morango, visando uma possível integração entre esses métodos de controle. Para tal, foram avaliados os efeitos da calda sulfocálcica na oviposição dos ácaros predadores Phytoseiulus macropilis (Banks) e Neoseiulus californicus (McGregor) e do ácaro fitófago Tetranychus urticae (Koch). Além disso, foi avaliada a repelência da calda sulfocálcica, na dose comumente utilizada em campo (i.e. 2%), a estas três espécies de ácaros. Os resultados mostraram uma redução da oviposição, tanto dos ácaros predadores quanto do fitófago, após a aplicação da calda. Essa redução foi mais acentuada no ácaro rajado (T. urticae), com 36%, enquanto que nos predadores P. macropilis e N. californicus foi de 19% e 18%, respectivamente. Quanto ao efeito de repelência, foi observado que todos os ácaros fitófagos testados e a maioria dos indivíduos de N. californicus (87,5%) avaliados evitaram áreas com aplicação prévia da calda sufocálcica, comportamento que não foi observado em P. macropilis. A calda sulfocálcica provocou efeitos negativos em todas as espécies de ácaros estudadas. O impacto negativo da calda sobre os ácaros predadores poderia diminuir a eficiência do controle biológico. Sendo assim, os resultados indicam que pode não haver compatibilidade entre o uso dessa calda e o controle biológico utilizando-se P. macropilis ou N. californicus como agentes de controle biológico. Estudos em campo devem ser realizados para se comprovar tal incompatibilidade. |