Resumo |
Ao longo da história, as mulheres tiveram sua vida conduzida por uma sociedade patriarcal. Devido a lutas e reivindicações de igualdade em relação ao gênero masculino, vieram apoderando-se do seu espaço na sociedade, conquistando o direito ao voto e do trabalho fora do lar. Embora tenham conquistado tal façanha, observa-se que quanto maior foram os obstáculos legais e materiais vencidos pelas mulheres, mais rígidas foram as imagens da beleza feminina às mulheres impostas e à medida que foram conquistando o seu espaço na estrutura do poder, cresceram em ritmo acelerado os transtornos relacionados à alimentação, como a anorexia e bulimia, e a cirurgia plástica de natureza estética tornou-se uma das maiores especialidades médicas. Sabe-se que os transtornos alimentares são a maior causa de mortalidade dentre as doenças psiquiátricas, e devido à complexidade dos assuntos requerem tempo para discussão e amadurecimento dos conhecimentos transmitidos. Diante este fato, considerou-se pertinente abordar questões relativas a esta temática no projeto de modalidade extensiva, o atual grupo de estudos FeRAs ( Feminino: Reflexões e Atitudes). Trata-se assim de um estudo descritivo, tipo relato de experiência, que acontece semanalmente em uma instituição privada do interior de Minas Gerais, sob supervisão de uma professora da mesma unidade. O grupo tem como característica caráter interdisciplinar e o livre acesso à participação de qualquer interessado nas discussões sobre o feminino e seus desdobramentos, sendo constituído até o presente momento por quinze estudantes de graduação. Os encontros perpassaram por questionamentos relativos à influência do patriarcado sobre os corpos e beleza feminina, seguindo de contestações acerca do paradoxo relativo às indústrias de beleza, moda e dietas serem controladas em grande maioria por homens e serem estes que impõe como as mulheres devem exibir seus corpos; fundamentações a respeito da “alucinação” pela beleza feminina comparando à donzela de ferro, instrumento de tortura da Alemanha medieval, fazendo analogia ao processo de morte nos distúrbios alimentares; discussões a respeito da influência da mídia sobre a imagem corporal das mulheres desde a infância. Focou-se ainda em questões relacionadas à prevenção, diagnóstico clínico, tratamento psicanalítico nos transtornos alimentares, prognóstico e “gordofobia”. Importa ressaltar, que também foram elaboradas atividades práticas como exibição de filmes e documentários concernentes à temática seguidos de debates, carta ao corpo, elaboração de cartazes e aplicação de técnica referente à percepção da imagem corporal, em que foi observado distorção da imagem em todos os integrantes. Contabiliza-se até o presente momento a ocorrência de oito encontros, sendo possível constatar através de entrevista individual uma importante conquista em âmbito pessoal, social e intelectual por parte dos participantes. |