Resumo |
As transições demográfica, epidemiológica e nutricional que ocorrem no Brasil caracterizam-se pelo aumento da população idosa e da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis nesse grupo. Diante disso, são fundamentais estratégias que promovam saúde e qualidade de vida no envelhecimento. O presente projeto, iniciado em abril de 2018, tem por objetivo utilizar a pirâmide alimentar brasileira na promoção da alimentação saudável em idosos participantes do Programa Municipal da Terceira Idade (PMTI) em Viçosa (MG). Para tanto, são realizadas oficinas semanais de educação alimentar e nutricional no PMTI. Utilizam-se técnicas de exposição dialogada e atividades lúdicas na abordagem do conteúdo, valorizando recursos da realidade dos idosos para facilitar o aprendizado e a troca de experiências. As oficinas tem duração de uma hora e periodicamente é feita uma avaliação. Participam das oficinas 17 idosos, dos quais 14 são mulheres, com idade média de 70,2 anos (dp=6,3 anos) e 13 possuem, no máximo, ensino fundamental incompleto. Até o momento, foram abordados os grupos de cerais, frutas, hortaliças, leguminosas, oleaginosas e carnes. Mais de 87,0% dos idosos concordam que a pirâmide alimentar pode ajudar nas escolhas adequadas dos alimentos no supermercado. Sobre o grupo dos cereais, todos compreenderam que estes compõem a base da pirâmide e incluem alimentos como batata, mandioca, arroz e pães, que diabéticos podem consumir mandioca e beterraba e que carboidratos, quando absorvidos, viram açúcar. Em relação às fibras, a totalidade dos idosos reconhece que elas melhoram o trânsito intestinal e precisam de água para agir adequadamente. Mais de 87,0% relembraram que elas estão presentes, principalmente, em alimentos integrais e ajudam no controle do diabetes e colesterol, além de estarem presentes nas frutas (100%) e hortaliças (100%). Quanto as hortaliças, 50% lembraram o nome de 4 hortaliças das 5 abordadas; todos se lembraram que são plantas cultivadas em hortas e que são essenciais para o funcionamento do corpo humano por possuírem vitaminas e minerais. Sobre o grupo das frutas, 54,5% dos participantes reconheceram todas as frutas abordadas na oficina e todos relembraram que seu consumo diário é importante. A grande maioria lembrou que são alimentos reguladores por agir na regulação do corpo humano, proteger de doenças e todos se lembraram de que a recomendação é de 3 porções diárias. Por outro lado, parte considerável dos idosos (11 a 13) não associou o tamanho da base da pirâmide alimentar à proporção que os alimentos que a compõem devem ser consumidos e não recordou que carboidratos simples são de fácil absorção e não são encontrados em alimentos integrais. Durante as oficinas, observa-se participação ativa dos idosos com questionamentos, relatos de experiências e pouca resistência quanto a desconstrução de tabus alimentares. Os resultados sugerem a viabilidade da pirâmide alimentar como um guia na promoção da alimentação saudável em idosos. |