Resumo |
Esse trabalho busca compreender os discursos acerca do trabalhador nacional, centrando-se na voz do periódico “O Pharol”, editado na cidade de Juiz de Fora entre os anos de 1900-1926. A imprensa nesse período assume o importante papel de portadora de valores modernos a guiar com as luzes a sociedade rumo ao progresso. O Pharol, símbolo da imprensa mineira, e, localizado na entrada para os sertões montanhosos, é tomado como a fonte principal de dados primários devido a sua relevância histórica, política, social e geográfica. Os trabalhos nesse periódico obtiveram maior solidez com a eleição, e posterior busca, por termos (palavras) que caracterizassem o fenômeno da imigração, bem como a sua consequente espacialidade. Essa fonte primária é munida por um banco de dados que foi criado com os principais termos pesquisados, e que consubstanciam a pesquisa nesse periódico, sendo eles “immigração”, “immigrante” e “sertão”. A sistematização dessa fonte, nos permite dizer que durante a Primeira República, devido a crise da economia cafeeira, aliada ao contexto da Primeira Guerra Mundial, ocorreu uma queda nas taxas de imigração estrangeira para o Brasil, fazendo emergir a figura do braço nacional como solução possível para salvaguardar a lavoura. No entanto, os acirrados debates expunham traços depreciativos do sertanejo e do meio onde viviam como estratégias para legitimar a apropriação simbólica e material dos sertões, que assumiu, nesse contexto, uma identidade espacial. Portanto, para os grupos que escreviam no jornal, o braço nacional, personificado pela figura do sertanejo, passou a ser um elemento útil e que deveria ser assimilado para o progresso das Gerais. Nesse sentido, a hipótese é que este jornal teve um papel importante no começo do século XX ao mobilizar discursos acerca da regeneração física e moral da mão de obra nacional até então relegada pelo Estado nos projetos de povoamento. Nessa medida, o desbravamento do sertão e a imigração com mão de obra nacional representaram, portanto, uma redefinição territorial de um espaço que precisava ser forjado com símbolos nacionais da república, estabelecendo uma relação de significado entre a ideia de sertão propagada e de civilidade para o povo das Gerais. |