Resumo |
A presente comunicação tem como objetivo apresentar o percurso que a língua francesa teve no Brasil, desde as tentativas de colonização no século XVI pelos franceses. Abordarei aspectos como o uso da língua como ferramenta de instrução dos oficiais militares, o surgimento da educação secundária através da criação do Colégio Pedro II, o auge do seu ensino nas escolas brasileiras à sua decadência, dando lugar à língua inglesa (CÂNDIDO, 1977; CAMARGOS, 2003; PIETRARÓIA, 2008; DAMASCO, 2010; PIETRARÓIA E DELLATORRE, 2012). Apresentarei seu trajeto, o qual é visto por muitos intelectuais como uma tentativa das classes dominantes de criar uma atmosfera “postiça e pretensiosa” (CAMARGOS, 2003), baseada nos moldes parisienses do século XIX, nessa nação que buscava uma identidade nacional própria. Se para alguns, essa atmosfera, materializada em construções arquitetônicas, música, literatura, moda, culinária, ou seja, tudo que era consumido em Paris, foi vista como uma tentativa falha e sem personalidade, para outros significou uma oportunidade de nós, brasileiros, nos encontrarmos com nós mesmos, com a nossa própria essência (CÂNDIDO, 1977). Pretendo, também, através deste trabalho, colaborar para a compreensão de como a “substituição” do ensino e da difusão da língua e cultura francesas pela língua inglesa influenciou na ausência de políticas linguísticas voltadas para a primeira (DAY, 2012; GALLI E SANTOS, 2016 OLIVEIRA E OLIVEIRA, 2016; ROCHA, 2016). Acredito que a mentalidade elitista, ideológica e, sobretudo, estética da língua francesa permanece até os dias atuais, herança que carregamos de nossos antepassados, sobretudo, das classes dominantes, as quais eram as únicas que tinham acesso à esta língua e cultura. Por fim, este trabalho, concernente a um recorte da pesquisa bibliográfica da minha dissertação de Mestrado, se constrói sob uma tentativa de compreendermos o papel que a língua francesa ocupa hoje na educação brasileira. Constatamos que, embora sem prestígio, sob um viés econômico e acadêmico, a língua francesa ainda é associada, sobretudo, à um universo glamouroso e esteticamente elaborado. |