Ciência para a Redução das Desigualdades

15 a 20 de outubro de 2018

Trabalho 9654

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Pós-graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Ciências Sociais Aplicadas
Setor Departamento de Economia Doméstica
Bolsa CAPES
Conclusão de bolsa Sim
Primeiro autor Yara Lopes Singulano
Orientador KARLA MARIA DAMIANO TEIXEIRA
Título Percepções de adolescentes sobre a violência doméstica e familiar contra as mulheres, Ervália/MG
Resumo A violência doméstica e familiar contra as mulheres é a manifestação mais comum da violência de gênero, sendo a mais frequente na América Latina e Caribe. No Brasil, desde a década de 1980, os índices de feminicídio vêm aumentando. Diante desse quadro, é necessário pensar novas estratégias de enfrentamento ao problema, visto que as ações, até então implementadas, pautadas principalmente no Direito Penal, têm se mostrado insuficientes ou ineficientes. Dessa maneira, a perspectiva de prevenção da violência, notadamente por meio de ações educativas que promovam o acesso à informação para as faixas etárias mais jovens, parece ser promissora. Partindo de tal premissa, este trabalho foi conduzido em dois momentos. No primeiro, objetivou-se verificar o conhecimento que os adolescentes possuíam a respeito da violência doméstica analisando-se as redações por eles produzidas. No segundo momento, objetivou-se analisar se o acesso à informação produz mudanças em suas percepções sobre a violência doméstica. Para tal, foi realizada uma oficina pedagógica e, a seguir, aplicada uma entrevista fundamentada em um roteiro semiestruturado. Os dados foram analisados utilizando-se a análise de conteúdo. Os resultados indicaram que os adolescentes possuem baixo nível de informação sobre a violência doméstica, sendo influenciados pelo discurso midiático e por suas vivências pessoais. Também ficou evidenciado que, embora afirmem repudiar a violência física, muitos adolescentes corroboram com as crenças sexistas e patriarcais que fomentam a violência de gênero, sem se dar conta dessa incoerência. Após a realização da oficina pedagógica, não houve mudança sobre a percepção dos adolescentes quanto às suas crenças e atitudes em relação à violência doméstica. Conclui-se, portanto, que, embora o acesso à informação seja de fundamental importância para promover a prevenção da violência doméstica e familiar contra as mulheres, ações pontuais e esparsas, como oficinas e palestras, podem ter seu potencial educativo limitado, especialmente no tocante às crenças pessoais dos adolescentes. Em outras palavras, mostram-se insuficientes para fomentar uma análise crítica acerca dos modelos sociais hegemônicos, como a organização patriarcal da família e a divisão sexual de tarefas, e, consequentemente, insuficientes para promover, efetivamente, a prevenção da violência. É necessário incluir as discussões sobre questões de direitos humanos e, dentre elas, questões de gênero, no cotidiano escolar, por meio de políticas educacionais perenes que contemplem toda a trajetória escolar dos indivíduos, constituindo um canal formal de acesso à informação. Além disso, o discurso midiático exerce influência sobre a percepção dos adolescentes, de modo que se mostra indispensável sensibilizar a mídia, enquanto importante formadora de opinião e disseminadora de informações, sobre o problema da violência de gênero, para que adote uma abordagem não-sexista e não-violenta.
Palavras-chave Violência familiar, Adolescentes, Violência contra as mulheres.
Forma de apresentação..... Oral
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