Resumo |
A atresia anal é uma condição que ocorre em filhotes de cães e gatos na abertura do ânus e do reto, resultando no fechamento da saída anal e/ ou uma saída anormal das fezes por meio da vagina ou pela uretra, formando a fístula retovaginal, causando uma descompensação importante e um crescimento retardado pela falta de absorção dos nutrientes. Os sinais clínicos variam entre tenesmo, ausência de fezes, ausência da abertura do ânus, distensão abdominal ou incontinência fecal persistente pela vagina. O diagnóstico é basicamente clínico. O tratamento é a correção cirúrgica. O presente trabalho relata dois casos atendidos na Policlínica Veterinária – Unipac Lafaiete: o primeiro caso é de uma cadela da raça Foxhound Americano de 10 dias de idade, pesando 850g, com histórico de defecação pela vulva. O proprietário percebeu que a paciente defecava pela vulva aos cinco dias de vida. Baseado no histórico e exame físico foi diagnosticada atresia anal com fistula retovaginal e encaminhada ao procedimento cirúrgico de anoplastia. A veia cefálica do animal foi puncionada com cateter no 22, foi realizada a medicação pré anestésica com morfina 0,5mg/kg/ intramuscular, para a indução anestésica foi utilizado isoflurano com máscara, o animal foi entubado com tubo endotraquel no 2 e mantido com isofluorano no circuito semi -aberto. A anoplastia foi realizada com incisão de pele com bisturi em formato de cruz, divulsão até identificação da mucosa retal, incisão da mesma e sutura com fio de náilon 4-0 envolvendo mucosa e pele, em padrão simples separado. No pós-cirúrgico imediato foi realizado dipirona (25mg/kg/IV). Aos dez dias após a cirurgia, a cadela apresentou uma boa evolução, estando com fezes em padrões normais de lactante e total cicatrização da ferida cirúrgica, possibilitando a retirada dos pontos. O segundo caso é de uma cadela da raça Pinsher, com 55 dias de idade, pesando 450g, com histórico de defecação pela vulva. A proprietária relatou que a filhote urinava e defecava pelo mesmo orifício, que um dia antes da consulta mudou a dieta, oferecendo-a patê, e que após apresentou incontinência fecal diarréica e apatia. No exame físico observou-se dor à palpação abdominal e ausência do orifício anal com fístula retovaginal. Foi prescrito dipirona 1 gota/BID/7 dias e amoxiclina com clavulanato 20mg/kg/BID/ 7 dias. A cirurgia foi agendada para sete dias após o atendimento. Três dias após a consulta o animal retornou com nova fístula ao lado da região anal e houve piora no quadro da paciente com prostração e anorexia, evoluindo ao óbito. Em razão disso, pode-se observar que o diagnóstico e a intervenção cirúrgica precoce geram uma melhora no prognóstico. Embora o prognóstico fosse desfavorável e a mortalidade cirúrgica elevada, devido as pacientes serem jovens e apresentarem más condições físicas, o que aumenta os riscos anestésicos e cirúrgicos, no caso relatado da paciente Foxhound Americano superou-se as expectativas da literatura. |