Resumo |
O Brasil enfrenta historicamente ciclos de epidemias de arboviroses em praticamente todo o seu território. As arboviroses são doenças de grande importância epidemiológica, observada de forma praticamente contínua no país desde a década de 1980. Mais recentemente com epidemias de Dengue, Zika, Chikungunya, e Febre Amarela em Minas Gerais, a atenção sobre o tema ganhou novo enfoque na literatura científica e na comunidade. O agente de combate a endemias (ACE), dentro do sistema único de saúde (SUS) é o profissional apto para realizar ações de controle dessas doenças. Este estudo objetiva avaliar o grau de atuação da vigilância em saúde no processo de reorganização das práticas de saúde nos municípios da mesorregião da Zona da Mata mineira, sob a ótica dos agentes de endemias. Trata-se de uma pesquisa exploratória, cuja coleta de dados ocorreu no primeiro semestre de 2016. O universo da pesquisa foi composto por municípios polo da Zona da Mata mineira: Manhuaçu, Cataguases, Muriaé, Ponte Nova, Viçosa, Juiz de Fora e Ubá, identificados aleatoriamente por letras do alfabeto. Estes municípios foram selecionados tendo como referência a presença e atuação da vigilância ambiental. Os sujeitos em análise foram os agentes de combate a endemias (n=413). O presente estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), sob o número 1447272. Os participantes foram esclarecidos quando aos objetivos do estudo e aceitaram participar mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Com base no “Instrutivo para execução e avaliação das ações de vigilância em saúde: projeto de fortalecimento da vigilância em saúde de Minas Gerais” foram elaborados questionários semiestruturados, específicos para os ACE, formulados para identificação das dimensões de análise e avaliação das práticas da vigilância: Estrutura, Processo e Resultado. Para se classificar o grau de atuação da vigilância em saúde, os pontos de corte utilizados foram: incipiente sendo até 5,99 pontos, intermediário entre 6,0 e 7,99 ou avançado entre 8,0 e 10,0 pontos. Obtendo-se as médias entre as dimensões, confirma-se que todos os municípios em estudo estão em situação de incipiência. Pode-se observar nos resultados, todos os municípios com exceção do município C, obtiveram a classificação incipiente tanto na dimensão Estrutura quanto na dimensão Processo. Embora alguns avanços tenham sido identificados, ainda imperam os desafios, ressaltando a necessidade de acompanhamento para cumprir a meta de controle de endemias. Neste sentido, ressalta-se a importância do investimento, por parte dos gestores locais, estaduais e nacional na capacitação e educação permanente dos sujeitos responsáveis pela coordenação, gestão e execução das ações de Vigilâncias em Saúde. |