Resumo |
O Leite Humano (LH) possui os nutrientes necessários para o desenvolvimento do bebê em proporções que modificam-se de acordo com a fase da lactação materna; em particular da fase colostro para a fase madura, os teores de proteínas e lipídios variam, respectivamente, de 1,6 % e 2,5 % para 0,8 % e 4,2 %. Os lipídios do leite humano são responsáveis pelo fornecimento de energia ao bebê assim como pelo aporte de ácidos graxos essenciais para o seu bom crescimento e ganho de peso. Neste trabalho foi obtido o perfil lipídico do Leite Humano Ordenhado (LHO) doado pelo Banco de Leite Humano (BLH) do Hospital São Sebastião, Viçosa-MG, nos tratamentos L1: leite cru; L2: leite pasteurizado, a 65 oC/30 min. em banho termostático; L3: leite homogeneizado, em aparelho de mixer por 3 min a 40 oC, e então pasteurizado (a 65 oC/30 min. em banho termostático). A derivatização dos ácidos graxos foi realizada segundo uma adaptação da metodologia de Ichihara e Fukubayashi (2010), na qual o perfil de ácidos graxos foi obtido por cromatografia gasosa. Dentre os componentes lipídicos encontrados no LHO estão os ácidos graxos insaturados, ácido oleico, ácido linoleico e ácido linolênico, sendo que o ácido oleico foi observado em maior quantidade dentre estes. As proporções de ácidos graxos foram: (i) ácido oleico de 28,39 % em L3; 20,45 % em L2 e 18,59 % em L1; (ii) ácido linoleico de 18,15 % em L3; 12,69 % em L2 e 11,91 % em L1; (iii) ácido linolênico de 1,10641x0-6 % em L1; 1,3605x10-6 % em L3 e 4,42x10-8 % em L2. Entre os ácidos graxos saturados presentes em maior concentração foram observados o ácido palmítico, ácido mirístico e ácido esteárico. O ácido palmítico foi encontrado em maior concentração em L1 (30,28 %), seguido de L2 (27,44 %) e de L3 (23,15 %). O ácido mirístico foi encontrado em maior concentração em L3 (6,36 %) e em concentrações próximas nos tratamentos L2 (5,53 %) e L1 (5,17 %). A composição dos ácidos graxos pode variar em função dos tratamentos aos quais o leite é submetido na linha de processamento do LHO. Assim, a pasteurização pode facilitar a oxidação lipídica e a homogeneização pode levar ao rompimento da membrana e exposição dos lipídios. Posto que as alterações nos teores de ácidos graxos originadas pelos tratamentos não foram drásticas (dados de L1 em comparação com L2 e L3) infere-se que os mesmos não afetaram o perfil lipídico. Considerando-se os benefícios dos tratamentos, recomenda-se a sua utilização, entretanto são necessários estudos mais detalhados sobre os mesmos. |