Resumo |
A fixação dorsal de patela (FDP) ocorre na articulação fêmoro-tíbio-patelar (FTP), sendo considerada uma disfunção na dinâmica do ligamento patelar medial. Defeito de aprumo como, por exemplo, membros pélvicos excessivamente retos é considerado fator predisponente da afecção, assim como crescimento desproporcional da crista medial da tróclea do fêmur e distúrbios no músculo quadríceps femoral. O objetivo desse resumo foi sugerir um protocolo fisioterápico como tratamento da FDP em casos considerados não cirúrgicos. Além disso, a desmotomia do ligamento patelar medial ocasiona algum grau de instabilidade articular e favorece o desenvolvimento de osteoartrite. Foi atendido no Hospital Veterinário (HOV) da Universidade Federal de Viçosa, um muar macho inteiro, com dois anos de idade, histórico de quadro clínico semelhante à “câimbra”, sendo mais frequente nas primeiras horas do dia, principalmente quando o animal saia da baia. Durante exame físico, ao ser puxado ao passo, o animal manifestou extensão da articulação FTP, seguida de intermitente atraso na flexão articular. O quadro foi diagnosticado como fixação dorsal de patela de discreta gravidade. Considerando a idade do animal e a intensidade da afecção foi preconizado tratamento clínico, mediante a realização de exercícios para fortalecimento muscular. Esse treinamento deve ser realizado em duas etapas, a primeira de forma estática, para alongamento dos músculos responsáveis pela retração e prostração dos membros pélvicos. É importante ressaltar que essa atividade deve ser feita em ambos membros, uma vez que a FDP é normalmente bilateral. Para o animal em questão, o protocolo fisioterápico recomendado foram cinco séries, com dez repetições de prostração, e outras dez de retração, sendo cada movimento realizado durante 20 segundos. A segunda etapa do treinamento é realizada de forma dinâmica, devendo apenas ser iniciada quando o animal estiver aceitando, sem dificuldades, os alongamentos anteriormente mencionados. Considerando que para fortalecimento do quadríceps femoral é fundamental a elevação dos membros pélvicos (1), deslocamento do animal em aclives e declives (2) e alternância nos tipos de andamento (3), foi preconizado para o muar exercícios de caminhada em pista (mínimo de quatro metros) de obstáculos intercalados (pelo menos dez repetições) e fazer com que o animal trocasse o andamento marcha para o passo, o galope para a marcha, por cinco minutos, permanecendo 30 segundos em cada e, por último, que subisse e descesse terreno íngreme, no passo e na marcha por mais cinco minutos. Outro aspecto que pode ser introduzido associada ao protocolo fisioterápico é distribuir a alimentação em diferentes locais em um piquete, de forma que o animal tenha que se locomover para se alimentar. Passados 20 dias, o proprietário relatou que o muar não mais apresentava o quadro, sugerindo que a fisioterapia pode ser realmente uma excelente escolha para o tratamento da afecção mencionada. |