Resumo |
O transtorno depressivo é uma doença que afeta milhões de pessoas em todo mundo, sendo caracterizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) pela presença de tristeza, perda de interesse ou prazer, cansaço, sentimento de culpa e pouca concentração. A teoria econômica postula que o transtorno depressivo impacta tanto o nível salarial dos indivíduos quanto o crescimento econômico do país. No caso do efeito sobre os rendimentos do trabalho, indivíduos acometidos pelo transtorno depressivo são mais suscetíveis ao presenteísmo e absenteísmo. O primeiro efeito diz respeito à perda de produtividade do indivíduo em seu trabalho devido à doença. Por sua vez, o segundo é caracterizado pela infrequência do indivíduo em seu ofício, dada a enfermidade. Como ambos fenômenos diminuem sua produtividade, eles impactam, por conseguinte, seus rendimentos.Já no caso do efeito sobre o crescimento econômico do país, a conexão se refere ao fato de que o indivíduo acometido pelo transtorno depressivo tem menores incentivos para se qualificar, quando comparado ao indivíduo saudável. Dados tais efeitos, o objetivo desse estudo é verificar o efeito do transtorno depressivo sobre a produtividade dos brasileiros através de seu impacto sobre os rendimentos do trabalho por sexo e setor de atividade dos mesmos. Para tal, utilizou-se o modelo de Mínimos quadrados em dois estágios (MQ2E) com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano de 2008. Como principais resultados, percebe-se que os rendimentos variam de negativo (esperado) a positivo em relação à incidência do transtorno depressivo sobre os indivíduos. Assim, por exemplo, os rendimentos de homens acometidos por essa enfermidade são, respectivamente, -176,22% e 79,82%, casos dos que trabalham no setor de serviços domésticos e outras atividades em relação aos trabalhadores desses mesmos setores, mas sem essa doença. No caso das mulheres, tem-se que ser acometida pelo transtorno depressivo e trabalhar no setor de indústria e administração pública implicam, respectivamente, em variações de -91,02% e 32,23% em relação às mulheres que trabalham nesses mesmos setores, contudo não diagnosticadas com esse transtorno.Espera-se que, com os resultados do estudo, políticas de prevenção ao transtorno depressivo direcionadas a determinados setores e gêneros sejam desenhadas, visando à diminuição do ônus psicológico e econômico dessa doença. |