Resumo |
O interesse por informações advindas do âmbito científico tem crescido a cada dia. Assim, os meios de comunicação têm a função de proporcionar a informação necessária para que a sociedade possa aprimorar os seus conhecimentos e ter a capacidade de tomar decisões frente às novas descobertas. Sabendo que o dialogismo é o princípio fundador da linguagem e que, segundo a teoria bakhtiniana, há vozes do “outro” em todos os discursos, é possível notar a presença do outro até mesmo nos discursos tidos como os mais neutros e objetivos. Desse modo, observa-se que o uso de citações por parte dos jornalistas é uma prática recorrente que não apenas auxilia no esclarecimento de alguns termos específicos das áreas científicas e tecnológicas, mas também legitima uma notícia e pode, até mesmo, influenciar as reações e os efeitos que essas notícias têm sobre o público em geral. Considerando essa realidade discursiva, a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise do Discurso da Divulgação Científica, o presente trabalho teve como objetivo observar como os jornalistas, especificamente da seção Ciência do jornal Folha de S. Paulo (um dos mais importantes periódicos impressos do Brasil), no período de setembro a outubro de 2014, utilizaram-se de argumentos de autoridade, enquanto um importante procedimento linguístico-discursivo de expansão no processo de recontextualização, para validar o discurso científico na mídia impressa. Como metodologia de análise, foi utilizada a proposta de Ferrero (2011), para verificar como ocorreu o uso de citações procedentes de diferentes contextos sociocomunicativos (científico, político, econômico, ambiental, jurídico, dentre outros), identificando e verificando a intenção comunicativa dos verbos dicendi escolhidos para denominar a maneira de dizer dos atores procedentes de diversos âmbitos. Ao analisar os textos jornalísticos que compõem o corpus desse trabalho, notou-se que, nas citações incluídas nos textos, foram utilizadas várias estratégias divulgativas para tornar o texto de divulgação científica mais inteligível para o público leigo. Observou-se, ainda, que, ao selecionarem as vozes autorizadas na divulgação da informação sobre ciência, a forma como identificam esses agentes e a seleção do verbo para denominar a maneira de dizer desses atores direcionam a argumentação e a interpretação dos fatos divulgados. |