Resumo |
A compensação ambiental pode ser feita por meio de plantios de mudas de espécies florestais nativas com o intuito de promover a neutralização de carbono pela atividade fotossintética. A produção de mudas de espécies florestais com qualidade se faz necessário para atingir esse objetivo. Parte do sucesso nos plantios está atrelado ao uso de indivíduos que possuam características de qualidade, sendo considerados aptos a crescerem e resistirem a eventos adversos no campo. Para isso, são necessárias avaliações da qualidade nos viveiros com a finalidade de identificar as mudas de espécies florestais nativas com características morfológicas consideradas adequadas. Essas mudas são as consideradas aptas para serem expedidas para o campo. Diante do exposto, o objetivo do estudo foi analisar as características morfológicas das mudas de espécies florestais nativas destinadas ao plantio de neutralização do Programa Carbono Zero da Universidade Federal de Viçosa, por meio de parâmetros categóricos. Avaliações morfológicas de 546 mudas florestais, pertencentes a 24 espécies nativas, foram feitas. As características avaliadas foram a presença de perpendicularidade do caule em relação ao substrato, centralidade da muda no recipiente, tortuosidade do caule, exposição de raízes na porção superior e/ou inferior do recipiente, fitossanidade da muda e enovelamento radicular. Medições de altura e diâmetro do coleto foram feitas, para possibilitar o cálculo do índice de robustez, que é dada pela divisão destes dois parâmetros. Considera-se como mudas de qualidade, aquelas cujo o índice tem menor valor e para este trabalho adotou-se como referência, valores iguais ou inferiores a 10. As avaliações mostraram que a maioria das mudas se encontravam perpendiculares (83%), não tortuosas (57%) e centralizadas no recipiente (66%), com fitossanidade boa (82%) e índice de robustez dentro do intervalo adequado (94%). Porém, uma parte considerável dos indivíduos estava com problemas radiculares de enovelamento radicular (58%) e raízes expostas (59%), que pode ser devido ao volume do recipiente utilizado na produção das mudas ou tempo excessivo de viveiro. O enovelamento radicular, uma vez formado, compromete o crescimento das mudas, pois há dificuldades na translocação de nutrientes e os indivíduos param de crescer. Porém, na ocasião do plantio deve ser cortada o fundo das sacolas plásticas, que acaba por eliminar as raízes enoveladas e favorecer a formação de raízes finas que são responsáveis pela absorção de nutrientes. Esta é uma forma de amenizar as consequências do problema radicular que deve ser evitado no viveiro, por meio do controle e monitoramento do processo de produção das mudas de espécies florestais. Assim, conclui-se que as mudas destinadas ao Programa Carbono Zero atenderam à maioria dos parâmetros de qualidade avaliados e estavam aptas a serem expedidas para o campo e atender aos objetivos do plantio. |