Resumo |
Afecções no sistema locomotor (SL) dos equinos são frequentes e, normalmente, se manifestam com claudicação. A tradicional frase “No hoof no horse” é uma realidade que, infelizmente, é negligenciada por muitos proprietários. Uma das raças nacionalmente criadas é o Mangalarga Marchador (MM) que é capaz de realizar diversas atividades esportivas. Aspectos relacionados com o comprometimento do SL na espécie são vários e, entre eles podem ser citados: manejo e casqueamento/ferrageamento (C/F) inadequados, tipo de solo onde ocorrem os treinamentos e o equilíbrio do casco. O objetivo desse estudo foi avaliar o equilíbrio dos cascos de equinos atletas da raça MM, tomando como base classificações previamente padronizadas. Foram utilizados 28 animais, divididos em quatro grupos de sete, sendo no total 14 fêmeas e 14 machos. De acordo com o sexo, sete equinos realizavam marcha batida (MB) e os demais marcha picada (MP). As características altura do talão medial (ATM), altura do talão lateral (ATL), comprimento de parede dorsal (CPD) foram mensuradas utilizando um paquímetro. Podogoniômetro foi usado para a mensuração do ângulo do casco (ANC). Para avaliar o efeito do sexo e tipos de marcha foi utilizado ANOVA, seguida pelo teste de Tukey (P<0,05). Houve baixa correlação entre o C/F e as ATM e ATL nos membros torácicos. Além disso, ela foi inexistente nos membros pélvicos. Os valores médios de CPD para membros torácicos e pélvicos foram de 89,84±7,45 mm e 99,16±9,05 mm, respectivamente. Valores mais elevados estiveram presentes nos equinos de MB. Com relação a ATM e ATL, os valores médios foram maiores nos membros torácicos (ATM: 51,15±6,32 mm; ATL: 50,35±5,92 mm) e pélvicos (ATM: 35,96±5,28 mm; ATL: 36,35±4,61 mm) dos machos. Esse achado ocorreu particularmente nos membros torácicos dos equinos de MB. Nenhum dos animais apresentou histórico de claudicação, embora a diferença de altura dos talões medial e lateral variou de 0 a 11 mm. Por outro lado, em 85% dos casos essa variação esteve apenas entre 0 e 3 mm. Os valores médios do ANC foi de 48,41±3,60° e 47,11±2,16° para os MT e MP, respectivamente. Não houve efeito do sexo e da marcha sobre essa variável. Diferenças acima de 5 mm entre ATM e ATL são apontadas como causa alteração na locomoção em equinos. A não constatação de valor tão alto na maioria dos animais, é um ponto positivo. A redução no tamanho do talão é realizada quando se deseja aumentar o tempo de contato do casco com o solo, de forma a favorecer o tríplice apoio. De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que os valores de CPD, ATM e ATL variam no Mangalarga Marchador. A morfologia dos cascos sofre interferência do C/F, e o ANC não sofre efeito do sexo e da marcha. Os valores referentes a morfologia de casco, apesar de bem consolidados variam com a genética, atividade física e casqueamento, sendo esse tipo de estudo importante, uma vez que existem variação não apenas entre raça, mas também “inter” e “intra” animais. |