Ciência para a Redução das Desigualdades

15 a 20 de outubro de 2018

Trabalho 9423

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Pós-graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Linguística, Letras e Artes
Setor Departamento de Letras
Bolsa CAPES
Conclusão de bolsa Não
Apoio financeiro CAPES
Primeiro autor Robson Evangelista dos Santos Filho
Orientador MARIANA RAMALHO PROCOPIO XAVIER
Título As narrativas autobiográficas nos vídeos do canal HDiário
Resumo As narrativas biográficas, segundo Leonor Arfuch, se fazem presentes em diversos gêneros, principalmente diante das experiências midiáticas atuais. Diversas práticas autobiográficas contemporâneas originaram novos modos de os indivíduos narrarem a si mesmos, tais como as videografias de si encontradas no YouTube. Caracterizam-se, de acordo com Bruno Costa, por registros cotidianos e confessionais na internet, com exposição da intimidade, o que remete à discussão acerca dos limites entre os âmbitos público e privado. Diante disso, os vídeos do canal HDiário tornaram-se um atrativo objeto de pesquisa, uma vez que o seu produtor, Gabriel Comicholi, utilizou a plataforma para revelar que convive com HIV e relatar o seu dia-a-dia como soropositivo em 16 vídeos que contabilizam quase 700 mil visualizações. A pesquisa objetiva, portanto, a partir de uma análise dos seus vlogs, perceber como ele constrói discursivamente as videografias de si e entender as suas motivações ao revelar algo alocado na esfera do sigilo por ser, ainda hoje, tão estigmatizado em nossa sociedade. Para isso, adotamos como metodologia a Análise do Discurso, que promove uma associação entre texto e contexto, e, dentre as suas vertentes, optamos pela Teoria Semiolinguística, de Patrick Charaudeau, a partir da qual pode se definir a situação comunicacional, as identidades dos sujeitos envolvidos, a finalidade, o dispositivo e o tema do discurso, assim como suas restrições, estratégias e modos de organização. Além disso, tal teoria também permite compreender outras questões relacionadas ao discurso, como estereótipos, imaginários sociodiscursivos, imagem de si e emoção na linguagem. Mesmo que a nossa pesquisa esteja ainda em fase preliminar, as observações realizadas até então apontam que o canal, como o seu título já sugere, numa referência à modalidade autobiográfica, consiste em um diário online que publiciza algo do domínio privativo – no caso, o HIV. Como Gabriel já é assumidamente gay, a revelação de ser soropositivo consiste no que Richard Miskolci chamou de saída do segundo armário, referindo-se ao novo regime de visibilidade que emergiu para os homossexuais com o surgimento da AIDS. Esta doença, que poderia ser delimitada como viral foi, porém, constituída como sexualmente transmissível de modo a estigmatizar os indivíduos que não seguiam a ordem sexual tradicional, patologizando as sexualidades dissidentes e fazendo com que LGBTQs ocultassem a condição sorológica por receio de se exporem. Ao abandonar este armário, Comicholi foi acusado de almejar fama, mas, segundo ele, suas motivações não estão ancoradas na obtenção de likes e seguidores, mas sim na possibilidade de autoajuda, ajuda a outras pessoas e debate sobre o assunto. A continuidade da pesquisa permitirá, então, identificar essas intenções, concluir como os soropositivos estão sendo narrados e se os discursos do youtuber auxiliam a romper o estigma e levar informação correta aos espectadores.
Palavras-chave HIV, YouTube, autobiografia
Forma de apresentação..... Oral
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