Resumo |
O presente trabalho contempla a obra As três Marias publicada em 1939 da escritora Rachel de Queiroz, primeira mulher a adentrar na Academia Brasileira de Letras. Para discutir os papeis sociais da mulher a autora partiu de um livro quase autobiográfico, em que irá retratar parte da infância e juventude de Maria Augusta e suas amigas, Maria José e Maria da Glória que se conhecem em um internato religioso em Recife e desenvolvem caminhos que colocam em discussão o futuro esperado das mulheres da época. Dentre os estudos literários, esse trabalho se justifica pela possibilidade de ampliar-se a discussão a respeito da obra As três Marias, um dos romances da autora, extremamente relevante na literatura brasileira e, principalmente, no romance de 30. Apesar de muito conhecida na produção modernista e na tradição regionalista, Rachel geralmente é estudada pelos romances mais conhecidos da autora, sendo o livro As três Marias uma de suas produções menos comentadas. Desse modo, a pesquisa em questão abarca diferentes caminhos para se discutir a presença da mulher na literatura e de que forma se estabelece a noção de mulher na sociedade e, mais precisamente, como isso perpassa ou se desconstrói na visão das três protagonistas Marias e suas companheiras de internato. Para desenvolver algumas das discussões propostas, partimos de Butler (2003), assim como de outros autores que se debruçam sobre os estudos de gênero, nos propondo a discutir o cenário do internato religioso como uma das instituições reguladoras das jovens da época, temos Foucault (1987). Além disso, se faz necessário abarcar também os trabalhos que já visitaram a obra em questão, como também as linhas de força da autora. Espera-se, dessa maneira, contribuir com os estudos acerca da literatura produzida por mulheres, assim como de revisitar a produção de Rachel de Queiroz, também abrindo possibilidades de conhecimento da literatura enquanto denúncia no entrecruzamento de diversos discursos e vozes, e, principalmente, de vozes femininas. |