Resumo |
No Brasil, as espécies forrageiras mais comuns em sistemas agroflorestais (SAFs) são as gramíneas do gênero Brachiaria, consideradas tolerantes ao sombreamento (PACIULLO, 2007). Porém, o nível de redução da luminosidade imposto pelo estrato arbóreo é um fator limitante para o ótimo crescimento/desenvolvimento das plantas do sub-bosque. Este fato é ainda mais marcante para espécies de metabolismo C4, como as gramíneas tropicais, uma vez que estas demandam mais energia luminosa e temperaturas elevadas para a eficiência do processo fotossintético (BERNARDINO & GARCIA, 2009). Dentre os parâmetros mais utilizados para estimar essas alterações fisiológicas estão: fotossíntese (A), transpiração (E) e a condutância estomática (gs). Esses parâmetros são influenciados por diversos fatores como a quantidade e qualidade da radiação incidente, T oC, suprimento de água e, pelo estádio de desenvolvimento da folha (PEDREIRA et al., 2001; BRAGA et al., 2006, 2008). Em alguns casos ocorrem alterações morfológica (PACIULLO et al., 2007; NETO et al., 2010) e/ou fisiológica em algumas gramíneas quando cultivadas em condições de baixa luminosidade (SOARES et al., 2009). O objetivo deste estudo foi avaliar a resposta de trocas gasosas e de crescimento de B. decumbens, sob diferentes níveis de sombreamento. O ensaio foi conduzido em área aberta, do setor de fruticultura da UFV, entre nov/2015 e jan/2016. Plantas de B. decumbens, foram cultivadas em nove vasos de 20L (1:3 areia e terra), irrigadas e adubadas periodicamente. Os tratamentos foram: três condições de luminosidade: 0, 50 e 80% de sombreamento, T0, T50 e T80, respectivamente. Foi usada tela sombrite (parte superior e laterais) como sombreamento artificial em T50 e T80, já as plantas no T0 foram mantidas a pleno sol. As leituras de trocas gasosas foram realizadas com analisador de gás no infravermelho (IRGA) modelo LC Pro da ADC (UK) na terceira folha completamente expandida, considerando a folha mais próxima do ápice do perfilho, como a folha no1. As leituras foram efetuadas entre as 7 e 9 horas, fornecendo 1200 μmol m-2s-1 de radiação fotossinteticamente ativa (RFA). As maiores taxas de A foram observadas em plantas do T0, seguido por T50 e T80 os quais foram respectivamente 15% e 34% menores em relação ao T0. Os valores de E e de gs foram maiores em T0 e T50, sendo que as médias desses tratamentos não diferiram entre si (P>0,05). A relação A/Ci do tratamento T0 foi respectivamente, duas e quatro vezes maiores, quando comparado com os tratamentos T50 e T80. O perfilhamento das plantas nos tratamentos T50 e T80 foi respectivamente, 54% e 80% menor em relação às plantas do T0. O perfilhamento das plantas em T0 foram aprox. 50% menores em relação às plantas de T50 e T80. Conclui-se que o processo fotossintético de B. decumbens apresenta tolerância ao sombreamento, aclimatando-se ao ambiente luminoso de crescimento, porém apresenta redução do numero de perfilhos em relação ao nível de sombreamento do ambiente. |