Resumo |
A intensificação da produção agrícola no futuro deve acontecer, necessariamente, em bases sustentáveis. O alcance desse objetivo guarda relação direta com o comportamento pró-ambiental dos agricultores. Compreender o conhecimento dos produtores rurais acerca das mudanças do clima e seus efeitos sobre as atividades agropecuárias é importante para que se possa desenvolver estratégias de ações que permitam promover mudanças frente às dificuldades futuras. Portanto, o presente estudo teve como objetivo analisar o papel da educação e da percepção climática para o comportamento pró-ambiental de agricultores com o enfoque na recuperação das pastagens degradadas. Considerou-se a disposição em adotar técnicas agrícolas mitigadoras de emissões de gases de efeito estufa como fator do comportamento pró-ambiental. Para a análise foi realizado um estudo de caso junto a agricultores cujas propriedades são localizadas na bacia hidrográfica do Rio das Contas, Bahia. Metodologicamente o trabalho foi dividido em três etapas principais. Para a primeira foram coletados dados primários nas 289 propriedades selecionadas ao longo da bacia através de amostragem aleatória simples, com 95% de confiança estatística. O instrumento utilizado para a obtenção dos dados foi um questionário semiestruturado que possuía questões socioeconômicas, sobre adoção de técnicas sustentáveis de produção e sobre seu grau de conhecimento/percepção acerca das mudanças climáticas e eventos extremos. A segunda etapa correspondeu à análise exploratória das respostas dos agricultores a respeito de sua disposição em adotar técnicas de produção sustentáveis, proxy utilizada para representar o comportamento pró-ambiental. Para isso foi utilizado o teste de Qui-quadrado (χ2). Na última etapa foi analisado o papel da escolaridade (formal e conhecimento informal) e a percepção climática sobre a decisão dos agricultores de empreender atividades de mitigação por meio de um modelo de probabilidade (Probit). Os principais responsáveis por essa percepção segundo o estudo foram o acesso à educação formal e à assistência técnica. A pesquisa mostrou que essas duas variáveis podem promover a recuperação das áreas degradadas, pois são capazes de auxiliar na tomada de decisão frente aos cenárias de mudanças climáticas. Concluiu-se que a assistência técnica e a escolaridade tornam os agricultores mais dispostos a empreender técnicas agrícolas mais sustentáveis, embora o conhecimento sobre mudanças climáticas tenha papel preponderante para a mudança comportamental desses indivíduos. A partir disso, faz-se necessário sugerir aos formuladores de políticas públicas regionais que invistam mais em assistência técnica e extensão rural, pois grande parte dos agricultores afirmaram não terem acesso a esse serviço e que os mesmos promovam melhor conhecimento em educação ambiental nas escolas, associações e cooperativas, o que irá potencializar a compreensão sobre os problemas ambientais nos produtores atuais e futuros. |