Resumo |
Introdução: o diabetes mellitus (DM) refere-se a um transtorno metabólico caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, resultantes de defeitos da secreção e/ou da ação da insulina. Segundo a Organização Mundial da Saúde (2016), cerca de 16 milhões de pessoas vivem com DM no Brasil. Assim, o controle glicêmico (CG), ao lado das estratégias que envolvem a mudança de estilo de vida, constitui-se em importante estratégia para reduzir a morbimortalidade causada por essa patologia. A hemoglobina glicada (HbA1c) é o parâmetro utilizado para avaliar o CG em médio e em longo prazos, pois reflete os níveis glicêmicos dos últimos três meses. De acordo com o Ministério da Saúde e a Associação Americana de Diabetes a redução das complicações crônicas e da mortalidade pelo DM podem ser obtidas pelo CG (HbA1c < 7,0% para indivíduos < 65 anos e HbA1c < 7,5% para os ≥ 65 anos) e pelo manejo dos demais fatores de risco cardiovasculares. Cabe ressaltar que alvos menos rigorosos podem ser considerados e individualizados baseados em fatores como duração da doença, idade e expectativa de vida, presença de comorbidades, doença vascular avançada e histórico de hipoglicemias frequentes, podendo chegar a alvos máximos (HbA1c < 8,5 %) em pacientes com estado de saúde muito complexo. Objetivos: avaliar o CG dos indivíduos com diagnóstico de DM cadastrados na Estratégia Saúde Família (ESF) do município de Viçosa-MG. Metodologia: no município de Viçosa-MG estão cadastrados 1037 indivíduos com diagnóstico de DM de acordo com o Sistema de Informação da Atenção Básica (2015). Foram realizados exames de HbA1c de 339 (n=339) indivíduos com diagnóstico de DM, cadastrados em 16 Unidades Básicas de Saúde (UBS) que fazem parte da ESF do município de Viçosa-MG, sendo 206 do sexo feminino e 133 do sexo masculino, sorteados aleatoriamente. Os participantes foram recrutados pelos Agentes Comunitários de Saúde para comparecerem nos mutirões de coletas realizados em cada UBS no período de setembro de 2017 a janeiro de 2018. A coleta e análise do material biológico foram feitas por um único laboratório credenciado, utilizando-se kits comerciais. Resultados: a média de idade dos indivíduos analisados foi de 61,71 anos, sendo a média de HbA1c de 7,52% (desvio padrão: 1,90). Por sua vez, 164 (48,38%) indivíduos com diagnóstico de DM apresentaram um descontrole glicêmico (DG) (HbA1c ≥ 7,0% ou ≥ 7,5%, dependendo da idade).Cabe ressaltar que 78 (23,01%) desses indivíduos apresentaram um DG intenso (HbA1c ≥ 8,5%). Conclusões: faz-se necessário um melhor acompanhamento dos indivíduos com diagnóstico de DM pela ESF do município, avaliando os motivos do DG, a adesão ao tratamento medicamentoso e também o controle de outros parâmetros, como peso, pressão arterial, além dos demais fatores de risco, tais como sedentarismo e alimentação inadequada, minimizando assim as complicações e a mortalidade causadas pelo DM. |