Resumo |
A dermatofitose é uma infecção micótica de tecidos queratinizados causada por infestação de fungos queratinofílicos dermatófitos. As infecções geralmente decorrem do contato direto ou indireto com os esporos dermatofíticos saprófitos, animais doentes, carreadores assintomáticos ou fômites. Os fungos são oportunistas e tendem a crescer em cães muito jovens, idosos ou imunodeprimidos, tendo maior incidência em regiões úmidas. Os sinais clínicos são essencialmente um reflexo do dano no folículo piloso e subsequente inflamação, sendo mais comuns a alopecia e descamação. O exame microscópico direto com amostra da pele e pelos, são o suficiente para a confirmação do caso da dermatofitose, embora a opção do exame de cultura direta pode identificar a espécie do fungo, melhorando a aptidão das recomendações terapêuticas do caso. O presente trabalho tem como finalidade relatar um caso de uma cadela que apresentou dermatofitose. Uma cadela da raça Basset Hound de 2 anos, foi levada a Policlínica Veterinária da UNIPAC Lafaiete, relatando que há um mês a paciente apresentava prurido, descamação e alopecia da orelha, diarreia e vômito. Relatou ainda que fez uso de symparic®, dipirona sódica, shampoo de clorexidine e metronidazol oral, após o tratamento houve melhora nos sinais gastrointestinais, porém ocorreu piora no quadro dermatológico, culminando em hiperpigmentação da pele da orelha e aumento área de alopecia. A cadela foi novamente medicada por outro veterinário com spray dermatológico (vitamina A, hidrocortisona e cloridrato de oxitetraciclina), prednisona, cefalexina e probiótico. De acordo com a proprietária, apesar de todo tratamento realizado anteriormente pelo colega, houve piora das lesões dermatológicas, bem como agravamento do prurido. Ao exame físico observou seborreia em orelha, pescoço e flanco, hiperpigmentação e alopecia da ponta da orelha, linfonodos poplíteos reativos, presença de cálculo dentário, demais parâmetros fisiológicos dentro do padrão da normalidade para espécie, raça e idade. Foi então coletado sangue para a realização de hemograma, função renal e hepática, exame sorológico para leishmaniose (ELISA, e RIFI diluição total), foi feito raspado cutâneo para microscopia da área afetada. Todos os exames hematológicos estavam dentro dos valores de normalidade e o exame sorológico para leishmaniose foi negativo. O exame de microscopia apontou a presença de artroconídeos do tipo ectotrix, concluindo o diagnóstico de dermatofitose. Foi então prescrito 2 banhos semanais da área afetada com shampoo de Gluconato de clorexidine (20%) e Nitrato de miconazol (2,53g), e pomada de cetoconazol/BID. No retorno, realizado 15 dias após o início do tratamento, houve melhoras da lesão, com ausência de prurido e acentuada revitalização dos folículos pilosos com crescimento satisfatório dos pelos. Foi então sugerido a continuação do tratamento até remissão completa dos sinais clínicos sendo solicitado novo raspado cutâneo. |