Ciência para a Redução das Desigualdades

15 a 20 de outubro de 2018

Trabalho 9312

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Ciências Humanas
Setor Departamento de História
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor Matheus Rodrigues Cunha
Orientador VANESSA LANA
Título A Condenação dos Ébrios – Discursos sobre o Uso de Álcool pelos Nativos do Presídio de São João Batista (1800-1830)
Resumo A presente pesquisa pretende, através da análise dos relatos sobre o uso de álcool na forma de beberagens tradicionais ou aguardente, compreender a perspectiva civilizatória dos viajantes europeus sobre as práticas tradicionais dos nativos da Zona da Mata, especialmente em relação a seu comportamento durante a obtenção e consumo de álcool. Por meio destes relatos, é possível encontrar espaços em que os indígenas resistiam ás imposições religiosas e sociais impostas pelos europeus, participando de seus circuitos comerciais, religiosos e produtivos, mas sem se submeter totalmente ao domínio português. Através de uma resistência adaptativa, superando a possível contradição entre indígena e europeu, os nativos do Presídio de São João Batista participavam da vida social européia, adaptando-se ao que não podiam ou ao que era interessante resistir, mas mantendo aspectos religiosos e rituais, sendo um dos mais importantes a dissociação ritual alcoólica, sobre os quais os europeus tinham pouco ou nenhum poder. Os viajantes e naturalistas europeus, ao descrever os hábitos alcoólicos dos indígenas, descrevem motivos pelos quais os mesmos deveriam ser civilizados sob a óptica da Europa ilustrada e as deficiências do Estado português e brasileiro em relação á produtividade e controle de suas populações nativas, ao contrário de um relato mais próximo da realidade dos indígenas, levando em conta sua religiosidade e cultura. A descrição dos indígenas é, segundo esta pesquisa, uma descrição do que os brasileiros não deveriam ser, e deixa uma legenda negra sobre as comunidades indígenas registradas, criando o mito do “índio bêbado” na historiografia regional. Superar este mito e analisar as relações entre os indígenas e os diversos interesses dos europeus, assim como o discurso dos mesmos, dá luz a uma sociedade muito mais complexa e dinâmica do que a simples dicotomia entre colonizadores e selvagens, moralizadores e ébrios, ordem e descentralização. As missões europeias cujos registros são analisados criam uma quase continuidade de três décadas de transformações nas sociedades indígenas, a partir da expansão européia. Mas eles resistem, se adaptam e contornam a moralidade cristã, perpetuando através de rituais alcoólicos a transmissão de seu legado cultural e dos símbolos sociais que permitem a continuidade do grupo como entidade coesa, não totalmente resistente aos europeus, mas de modo algum totalmente submissa.
Palavras-chave Discurso, Álcool, Indígenas
Forma de apresentação..... Painel
Gerado em 0,64 segundos.