Resumo |
A Educação a Distância (EAD) constitui-se como um modelo de ensino muito difundido ao longo dos anos, configurando-se como importante ferramenta de expansão do acesso ao conhecimento. Hoje, segundo o Censo EAD.BR são mais de 5 milhões de alunos matriculados e, ainda assim, a modalidade sofre preconceito advindo da convicção de que ela é inferior ao tradicional ensino presencial. A EAD proporcionou que muitas pessoas, sobretudo as que trabalham, conseguissem estudar; mas como todo método de ensino, também possui críticas. Uma delas, talvez a principal, diz respeito à qualidade da formação. Alguns cursos parecem demandar mais atividades práticas que outros, como as licenciaturas em geral, uma vez que é necessário o emprego de muitas horas de estágio e práticas pedagógicas para promover maior aproximação com a realidade escolar. Tradicionalmente, a Educação Física (EFI) é considerada uma área de conhecimento essencialmente prática, revelando desafios e características específicas que diferem dos demais cursos. Ciente da desconfiança por trás da formação a distância do professor de EFI consideramos importante o debate para fornecer elementos para aprimorar a área. Nesse sentido, objetivamos refletir sobre a formação promovida pela licenciatura em EFI na modalidade EAD. Para tal, proponho uma breve análise de dois cursos de Licenciatura em EFI de uma mesma Universidade, onde é oferecido à distância e presencialmente, a partir do Projeto Político Pedagógico de ambos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, onde analisamos carga horária, perfil do profissional, n° de vagas/ano, disciplinas ofertadas e conteúdos. Dados institucionais serão preservados. Enfatizo que não desejamos eleger um melhor método de ensino e sim, relacioná-los para fins de compreensão. Dentre os aspectos apreciados, percebemos que a diferença mais expressiva se refere à carga horária, ligeiramente maior no curso presencial. De modo geral, os cursos se equivalem, resguardadas as especificidades da EAD. O elemento contrastante entre as disciplinas, diz respeito à obrigatoriedade de uma disciplina introdutória à EAD. É inegável que a EAD ampliou as possibilidades de acesso, porém é preciso um olhar cauteloso para as variáveis que interferem no processo ensino-aprendizagem, como por exemplo, a autonomia dos alunos na autoinstrução. Nos atuais moldes da educação pública, os alunos não são estimulados em sua autonomia e criticidade, revelando uma provável carência ao ingressar no ensino superior. Fator determinante na evasão desse sistema de ensino, conferindo mais um desafio para os profissionais da EAD. Apesar dos questionamentos levantados em torno da qualidade do ensino a distância, parece não haver declínio nesse quesito no curso brevemente analisado. Mesmo não encontrando diferenças expressivas, saliento que nossas conclusões são provisórias, uma vez que é preciso aprofundar na temática EAD e, especificamente, na perspectiva da formação de professores de EFI nessa modalidade. |