Resumo |
A obesidade acomete grande parte da população brasileira e do mundo, assim, estratégias capazes de tratar a obesidade devem ser investigadas. Biossurfactantes lipopeptídeos podem ser potencialmente utilizados no tratamento da obesidade, uma vez que são potenciais inibidores da lipase pancreática. O objetivo desse trabalho foi investigar o efeito de biossurfactantes lipopeptídeos produzidos por duas linhagens de Bacillus subtilis (LBBMA 155 e TR47II) sobre marcadores bioquímicos relacionados à obesidade e à toxicidade hepática em modelo animal. As culturas produtoras dos biossurfactantes foram cultivadas sob temperatura de 30 °C, 200 RPM em meio mineral suplementado com fontes apropriadas de carbono e nitrogênio e micronutrientes por 18 horas. As células foram removidas por centrifugação e os extratos brutos contendo biossurfactantes foram obtidos por precipitação ácida seguida de centrifugação. Os sedimentos tiveram o pH ajustado para 7,0 e foram liofilizados.Camundongos machos e adultos da linhagem C57BL/6 foram divididos em seis grupos experimentais, compostos por 8 animais cada, que permaneceram durante 75 dias em ambiente controlado recebendo os tratamentos:ração normal (N) ou ração high fat high fructose (HFF), ração normal mais o biossurfactante da linhagem LBBMA 155 (N155), ração high fat high fructose mais o biossurfactante da linhagem LBBMA 155 (HFF155), ração normal mais o biossurfactante da linhagem TR47II (N47II) e ração high fat high fructose mais o biossurfactante da linhagem TR47II (HFF47II). Os biosssurfacantes foram ministrados por meio de gavagem diariamente em uma dose igual a 10 mg/Kg de peso corporal. Após 75 dias os animais foram eutanasiados e foram submetidos à exsanguinação total através do sinus retro orbital. O sangue foi recolhido em microtubos de centrífuga, centrifugado e o soro foi então coletado. Os indicadores bioquímicos glicose, colesterol total, HDL – colesterol, triglicerídeos, alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase e fostase alcalina foram dosados no soro por meio do método enzimático colorimétrico, utilizando-se kits comerciais (Bioclin®). O uso dos biossurfactantes resultou no aumento do colesterol total nos grupos que receberam a dieta high fat high frutose, porém esse aumento pode ser explicado pelo aumento da fração HDL. Em adição, o uso de biossurfactantes não foi associado à redução dos triglicerídeos. Os indicadores de disfunções hepáticas TGO, TGP e fosfatase alcalina não se modificaram pelo uso dos biossurfactantes, indicando que os biossurfactantes não tem efeito tóxico ao fígado. Os resultados indicam sob as condições testadas os biossurfactantes produzidos pelas linhagens LBBMA 155 e TR47II são atóxicos ao modelo animal adotado e exercem efeito modulador sobre o metabolismo de colesterol. Estudos adicionais são necessários para elucidar os efeitos protetivos e curativos desses compostos sobre outros parâmetros relacionados a obesidade. |