Resumo |
A Universidade Federal de Viçosa ofereceu pela primeira vez no segundo semestre de 2017 a disciplina PRE-416 (Terreiros Culturais: Modernidade, Territórios e Paisagens Culturais). A PRE-416 foi criada por docentes de diversas áreas, caracterizando um grupo coordenador multidisciplinar. A disciplina teve o objetivo de promover uma discussão que pudesse alcançar um espaço fora da universidade. O qual foi escolhido de forma coletiva o Assentamento da reforma agrária Dênis Gonçalves, para uma formação dialógica entre teoria e prática e pela valorização dos saberes culturais lá existentes, embasadas nos princípios da agroecologia. Para alcançar o objetivo, houve a construção de um projeto junto à organização do Dênis Gonçalves, no intuito de conhecer a realidade, a agrosociobiodiversidade e suas produções artísticas culturais, bem como partilhar conhecimentos empíricos e ancestrais locais, que culminasse em um evento na comunidade para essa troca. A PRE-416 unificou, além dos docentes, 40 estudantes de diferentes cursos e parceiros para a realização do projeto, por meio de acordos democráticos para descentralização da construção metodológica das aulas e das atividades extraclasses. O acordo de divisão de tarefas foi fundamental, o qual deixou estabelecido com a turma que as atividades seriam planejadas a cada semana por um grupo diferente de estudantes orientado por um/a professor/a, ou seja, o tema, local do encontro e as metodologias seriam escolhidos por este grupo evitando sobrecarga entre professores e estudantes. Assim, parte das atividades aconteceu nos espaços da universidade e outras em visitas ao assentamento. As aulas na UFV aconteceram em salas e na área aberta do Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef. No espaço acadêmico foram feitas místicas, apresentações teóricas, rodas de conversas, reuniões de equipes, apresentações culturais e contou com participação de professores/as convidados/as. Houve debates sobre agroecologia, educação no campo, paisagem cultural, segurança alimentar e soberania nutricional, feminismo, artes de rua, reforma agrária, racismo, contexto político, sistema capitalista, entre outros. Durante as visitas fomos às casas de moradores/as que participaram da organização e a espaços coletivos, como a escola rural e construções históricas. Como resultado da disciplina foi realizado o evento Terreiro Cultural Valmir Pulga no assentamento com diversos espaços; pedagógicos, políticos, de comercialização e culturais do local e da Zona da Mata; organizados por comissões de trabalho. Outro resultado foi o avanço na decisão participativa do processo avaliativo com envolvimento ativo dos/as estudantes por meio auto avaliação, que tiveram como critérios a presença, demandas assumidas, participação nas aulas e no evento, registro individual e ensaio teórico. Ao realizar a disciplina de forma participativa promoveu a emancipação, a criticidade, participação ativa, trabalho em equipe, compromisso, respeito e a práxis. |