Resumo |
Introdução: A comunicação é uma prática social fruto de interação entre os envolvidos e manifesta-se de formas diversas. Nos serviços de saúde, em especial na Atenção Primária à Saúde (APS), onde o vínculo com a comunidade é valorizado, a comunicação promove articulação entre campos sociais, media práticas em saúde e fomenta transformações. Entretanto, diversas variáveis dificultam o processo comunicativo. Considerando a complexidade inscrita em tal processo no âmbito da Estratégia de Saúde da Família (ESF), é importante que o mesmo seja alvo de reflexões e discussão, proporcionadas em espaços como o da Educação Permanente. Objetivo: relatar a experiência de uma oficina educativa com tema “Comunicação: a rede começa em nós”, realizada com profissionais que atuam na APS e no Núcleo de Apoio à ESF (NASF) de Viçosa e região, participantes do “Projeto de Educação Permanente APS – UFV – Interdisciplinar”. Descrição das principais ações: a presente oficina realizou-se no dia 26/10/2017 na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e durou 4 horas, sendo o tema solicitado pelos participantes. Os profissionais foram recebidos carinhosamente, mas em ambiente propositalmente desorganizado que comunicava desmotivação e desinteresse. Após, realizou-se uma dinâmica de forma intencionalmente autoritária, com linguagem de difícil compreensão, gerando frutos diferentes do almejado. Posteriormente um professor convidado abordou as relações socias e a comunicação. Resultados: a partir das experiências proporcionadas na oficina, que foram associadas pelos profissionais a situações vivenciadas em seu cotidiano de serviço, suscitou-se reflexões sobre como o papel comunicativo tem sido realizado por cada um. Discutiu-se a comunicação enquanto processo fluido e dinâmico, que precisa acontecer de forma acessível a todos os envolvidos. Os profissionais problematizaram a comunicação e apontaram a verticalização como importante fator dificultador para que esse processo ocorra de forma eficiente. Isso representa sério entrave ao sistema de saúde, em especial no âmbito da APS, visto que a construção de vínculos é primordial para o acolhimento e acompanhamento da comunidade, e que orientações mal compreendidas comprometem a prevenção, promoção e reabilitação em saúde. Refletiu-se que a comunicação assume a forma das relações onde se processa e, em um mundo moderno marcado por relações de poder, muitas resistências são impostas ao processo comunicativo, o que reitera a importância de discussões sobre essa temática. Conclusões: A comunicação foi vislumbrada como estratégia de intervenção competente a cada profissional na micropolítica de seu processo de trabalho, a fim de contribuir para a efetivação das redes de atenção, abordadas em oficina seguinte. Percebeu-se a satisfação dos participantes ao ampliarem os significados e o potencial da comunicação e expressarem o desejo de conduzir de forma mais eficiente esse processo em seu trabalho e demais âmbitos da vida. |