Ciência para a Redução das Desigualdades

15 a 20 de outubro de 2018

Trabalho 10687

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Pós-graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Linguística, Letras e Artes
Setor Departamento de Letras
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor André Luiz Alves dos Santos
Orientador ADELCIO DE SOUSA CRUZ
Título Opressores Oprimidos: Interseccionalidade, Privilégio e Vulnerabilidade em "Cambridge"
Resumo Resumo: A escravidão é como uma cicatriz na memória coletiva mundial, que remonta desde o princípio da humanidade e a ascensão de impérios do Egito Antigo à Roma. Esta marca/estigma que se metamorfoseia de acordo com o paradigma vigente. A partir da segunda metade do século XVI, se a escravidão era literal e contundente, tal como a aplicavam Portugal, Espanha e, mais tarde, o império britânico ao comprar africanos para trabalho forçado no continente americano, com o desenvolvimento sistema capitalista e, já no século XX, com advento dos direitos humanos, ela hoje traveste-se de modo mais sutil, sem permitir que o colonizado tenha discernimento do seu estado de dependente sobre o colonizador que se dissimula de benfeitor.

Reminiscente de eventos ocorridos durante sua adolescência escolar quando era o único negro da classe, Caryl Philips, escritor britânico-caribenho contemporâneo, emprega em seu romance Cambridge diversos marcadores sociais de diferenciação que traduzem nas relações de poder e preconceito tal como conhecemos atualmente. O enredo trata da visita de Emily Cartwright, filha de um britânico detentor de terras, a uma das propriedades de seu pai no Caribe com a missão de avaliar a administração local. Em forma de diário, Emily discorre sobre sua percepção da Casa Grande, seus empregados e escravos, quando cruza-se com Cambridge, um negro cuja capacidade intelectual e domínio do idioma inglês a surpreende.

O trabalho em questão visa revisitar o conceito de Interseccionalidade proposto pela pesquisadora afro-americana Kimberlé Crensaw e tomá-lo como ponto de partida para interpretar os dois protagonistas em "Cambridge". Visamos destacar os diversos marcadores de diferença presentes na obra: de gêneros sociais, étnicos (entre brancos, negros e mestiços), sociolinguísticos (em especial o domínio do idioma inglês como símbolo de erudição) e o de credo, que predispõe a fé cristã como “civilizada” e aquelas de matriz africana como “pagãs”. Para denotar as motivações implícitas de poder descritas no romance, evocaremos as vozes basilares de Crenshaw, Butler, Said, Foucault e outros autores das teorias pós-colonialistas, estudos de gênero e de alteridade, discussões essas que se encontram na ordem do dia.
Palavras-chave Racismo, Gênero, Interseccionalidade
Forma de apresentação..... Oral
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