Resumo |
O cultivo de café arborizado produz microclima que pode amenizar os efeitos de elevadas temperaturas, dos danos causados por doenças, ventos fortes e proporciona melhorias nas características do solo. Este sistema pode ser utilizado como alternativa para a diversificação da produção e redução de insumos químicos utilizados no cultivo convencional e consequentemente contribuindo para a sustentabilidade de produção. Porém, ainda são escassos os trabalhos que avaliam a incidência de doenças em café consorciado com frutíferas. Assim, este trabalho teve como objetivo avaliar a incidência das principais doenças do café arábica em sistema arborizado com bananeiras e abacateiros. O experimento foi instalado no Campo Experimental Vale do Piranga da EPAMIG, Oratórios, MG, em delineamento de blocos ao acaso com 22 cultivares e três repetições. As parcelas foram constituídas de 7 plantas, com espaçamento de 0,7 x 3,6m, entre plantas e fileiras, respectivamente. Plantaram-se bananeiras nas linhas dos cafeeiros espaçadas em 11,80 m e abacateiros nas extremidades da área experimental espaçados em 25 x 25 m. As adubações foram realizadas com adubo químico com base nas análises de solo e a necessidade da cultura. Foram avaliadas em 2018 as características: vigor vegetativo, com notas de 1 a 10; ciclo de maturação, com notas de 1 a 3, onde 1= precoce, 2= intermediário e 3= tardio; severidade de ferrugem (Hemilea vastatrix), com notas de 1 a 5; severidade de cercosporiose (Cercospora caffeicola), com notas de 1 a 5; intensidade de seca de ponteiro, com notas de 1 a 4. Em relação à severidade de ferrugem, as cultivares foram divididas em dois grupos: o primeiro apresentou poucos sintomas, sendo composto por 13 cultivares, que em sua maioria apresentam resistência ou tolerância genética ao patógeno, enquanto que o segundo, composto pelas demais cultivares, apresentou moderados sintomas. Para a severidade de cercosporiose, 59% das cultivares apresentaram leves sintomas, enquanto as demais apresentaram moderados sintomas. Este resultado foi provavelmente reflexo do aumento da umidade do solo e da ciclagem de nutrientes, que reduzem o estresse hídrico, nutricional e a incidência da doença. Quanto ao ciclo de maturação, 73% das cultivares apresentaram ciclo precoce, já as outras apresentaram ciclo intermediário. Para o vigor vegetativo, a média geral foi 6,59. A maioria das cultivares apresentou poucos sintomas de intensidade de seca de ponteiro, enquanto que apenas 18% das cultivares obtiveram moderada intensidade, provavelmente está associado a função quebra-vento dos abacateiros e das bananeiras, uma vez que a doença pode ser causada por efeito indiretos ventos anticiclônicos. O sistema arborizado propicia boas condições edafoclimáticas ao cafeeiro, com baixa incidência de doenças. Agradecimentos ao Consórcio Pesquisa Café e a FAPEMIG pelo apoio financeiro do projeto e pelas bolsas concedidas aos autores. |