Resumo |
A utilização de efluente sanitário para a produção de biomassa algal é limitada pela deficiência de carbono no meio. A fim de otimizar o crescimento algal e consequentemente a assimilação de nutrientes, pode-se realizar a suplementação com uma fonte externa de carbono. Esse estudo avaliou a possibilidade de utilização de emissão atmosférica, proveniente da combustão da gasolina, como fonte externa de CO2 para a produção de microalgas e tratamento de efluente sanitário em lagoas de alta taxa (LATs). Para isso, foram utilizadas três LATs: a primeira utilizou CO2 a uma concentração de 99,9% (LAT 1), a segunda, gás de emissão da combustão da gasolina (LAT 2) e na terceira não foi utilizada suplementação com qualquer fonte de carbono (LAT 3). A adição de gás foi feita sob demanda, quando o pH do efluente nas LATs atingia 7,5. Para avaliação da eficiência do tratamento do esgoto e produção de biomassa foram coletadas amostras semanalmente. As análises foram realizadas de acordo com procedimentos adaptados descritos no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2012). Os resultados revelaram que a produção de biomassa algal foi maior nas lagoas onde se utilizou a suplementação externa de carbono 44,82% (LAT 1) e 47,55% (LAT 2) a mais em relação ao controle. A produtividade algal média foi de 0,09, 0,09 e 0,06 g/m2.dia respectivamente para as LATs 1, 2 e 3. Em relação à remoção de matéria orgânica, foram encontradas remoções de 31,69, 30,78 e 30,42 %, onde a menor porcentagem de remoção foi na LAT sem adição de CO2. No que diz respeito à remoção de nutrientes, o fósforo não foi removido em nenhuma das três lagoas. Em relação ao nitrogênio amoniacal, a concentração alcançada foi de 26,70, 26,15 e 30,04 mg/L, nas LATs 1, 2 e 3. Para a variável Escherichia coli, foram removidas 2 unidades logarítmicas em todas as LATs. Os resultados encontrados nesta pesquisa expressam que, nas condições estabelecidas, a suplementação com o CO2, independentemente da fonte utilizada, não influenciou no tratamento de esgoto sanitário, nem na produtividade, uma vez que o efluente doméstico utilizado para alimentar as lagoas possui elevada concentração de matéria orgânica, o que contribuiu para que não houvesse necessidade de adição de CO2. A proximidade dos resultados alcançados na LAT 1 e 2 mostra a viabilidade da utilização de emissões atmosféricas como fonte externa de carbono. |