Resumo |
Baseando-se no conceito de que risco é a combinação entre o perigo e as consequências de um evento, essa última dependente da vulnerabilidade, o planejamento de ações de redução de riscos deve considerar as vulnerabilidades da população exposta ao perigo que, no caso do tema em questão, consiste nos eventos de deslizamentos de terra. O objetivo do presente trabalho é apresentar o levantamento da percepção de risco da população residente em áreas de elevada suscetibilidade a tais eventos no município de Além Paraíba, Minas Gerais, bem como propor intervenções estruturais e não estruturais, de acordo com o nível de risco em que cada setor se enquadra. A percepção de risco foi avaliada de forma quali-quantitativa, através de entrevistas semiestruturadas aplicadas a 46 moradores contendo 31 perguntas, articulando-se a modalidade estruturada, com questionamentos previamente formulados, e a não estruturada, em que o entrevistador aborda livremente sobre o tema proposto. As respostas para cada pergunta foram categorizadas e suas frequências calculadas e analisadas. Este trabalho se concentra no resultado de 11 das 31 perguntas que compõem o questionário. Esse levantamento, realizado no segundo semestre de 2017, é parte integrante do Plano Municipal de Redução de Riscos e visa contribuir para a uma melhor concepção das medidas não estruturais, envolvendo a mobilização, educação e conscientização da população sobre causas do deslizamento e medidas que poderiam ser adotadas para evita-lo. Para a concepção de intervenções estruturais, analisou-se a melhor relação custo x benefício, com a menor complexidade técnica, visando a possibilidade de execução com a mão-de-obra do próprio morador e a adoção de projetos-padrão. Os resultados, apesar de parciais, indicaram aspectos referentes a relativização dos riscos, consciência da população sobre causas de deslizamento, desconhecimento de ações preventivas de educação e relação distante dos moradores com órgãos gestores de risco. De uma forma geral, os resultados do levantamento permitiram observar que: ocorre uma relativização, por parte da população pesquisada, dos riscos associados a deslizamentos, em função dos diversos perigos e problemas cotidianos aos quais os moradores estão expostos e às oportunidades proporcionadas pelo local onde moram quando comparadas com outras opções de residência; as ações não estruturais recebem, por parte dessa população, uma importância significativamente menor para a redução de riscos frente às estruturais; e ocorre pouca interação entre os moradores e os órgãos públicos envolvidos na gestão municipal dos riscos. Esse conjunto de aspectos observados permite estimar certas características e circunstâncias que se traduzem em vulnerabilidades da comunidade quanto aos desastres, o que pode ser usado para o planejamento de ações para redução dos desastres mais adequadas a realidade do local. |